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27 de fevereiro de 2013

Capítulo 26 - Doce Urbano



 

NO CAPÍTULO ANTERIOR...
Cemitério – Noite.
[Dentro do caixão Zumira acorda, ainda meio sonolenta ela percebe que está presa, ela não houve nada, tudo está muito escuro]
Zumira: Aaaah! Socorro! Socorro!

AGORA...
Casa das Bonecas – Noite– Quarto.
[Alexia está no quarto terminando de se arrumar quando escuta gritarias vindo da recepção]
Alexia: Mas que palhaçada é essa?
[Ela desce até a recepção e um homem, cliente, briga com uma garota de programa]
Homem: Sua cretina... Vadia!
Rachel: Você não tem direito de falar assim comigo!
Homem: Eu pago pra fazer o que eu quiser com você nessa espelunca.
Rachel: Se você está pensando que pode fazer o que quiser comigo, vou te dizer que o buraco é mais embaixo, não sou sua escrava.
[Alexia entra no meio da briga, todos observam]
Alexia: O que está acontecendo aqui? Que fuzuê é esse?
Rachel: Esse capeta tarado pagou metade do preço e queria me fazer ir com ele a força.
Homem: Essa ladrazinha roubou meu celular e minha carteira.
Rachel: Eu não roubei nada seu, nada!
Alexia: Escuta aqui, minhas garotas não precisam sair furtando ninguém para sobreviver, nosso trabalho pode não ser digno, mas somos honestas.
Homem: Mas ela...
[Alexia interrompe]
Alexia: Me poupe dos seus argumentos, agora, por favor se retire.
Homem: Eu não saio daqui sem meu dinheiro.
Alexia: Se quiser virar garota de programa, fique a vontade.
[Todos riem]
Homem: Se eu te pegar na rua, você vai ver.
Rachel: Tô morrendo de medo...
[Rachel ironiza e o homem sai.]
Alexia: Circulando pessoal, circulando! E você Rachel, me acompanhe.

Cemitério  – Noite.
[Neide chega ao cemitério onde Zumira está. Não há ninguém, tudo está escuro, um vento forte toma conta do lugar e pode escutar o cantar das corujas]
Neide: Zumira... Você está aí?
[Ela continua caminhando]
Neide: Zumira! Tem alguém aqui? Zumira!
Branco: Posso ajudar?
[Neide vira rapidamente e se assusta ao ver Branco – o zelador do cemitério]
Neide: Que susto!
Branco: Me desculpe, não foi minha intenção.
Neide: O senhor ficou doido? Chega por trás assim do nada? Quase me mata...
Branco: Não quis te assustar.
Neide: O que o senhor faz aqui há essa hora?
Branco: Essa pergunta deveria ser minha, já que eu sou o zelador aqui.
Neide: Zelador? Ah, ainda bem...
Branco: E então?
Neide: Preciso encontrar uma amiga minha, o senhor pode não acreditar, mas ela foi enterrada viva.
Branco: Eu acredito, por incrível que pareça acredito. Já aconteceu isso aqui várias vezes...
Neide: E então, vai me ajudar?
Branco: Sim, claro. Nesses meus oitenta e quatro anos eu já vi de tudo... Precisamos andar, se sua amiga estiver viva certamente ela gritará, o grito é abafado, mas é possível escutar.

Casarão de Antunes – Noite– Quarto.
[Antunes esculacha Antonio]
Antunes: Você é um tapado Antonio, burro!
Antonio: Mas eu tentei ir atrás dele...
Antunes: Cala a boca e me escuta, filho do cão! Nem fazer um serviço direito você sabe.
Antonio: Não fala assim comigo não cara, eu sou a pessoa que mais te apoia.
Antunes: Que me importa isso. Pra mim você é um monte de lixo, um monte de estrume. Nessa sua cabeça só tem bosta, nem pra pensar você sabe, sua mãe tinha era que ter te matado quando você era criança.
Antonio: Cara, mas o moleque correu para o milharal, não tinha como eu pega-lo.
Antunes: Cala a boca Antonio, cala a boca. Quando você tá calado você vira um anjo...
[Antonio enche os olhos de lágrimas]
Antunes: Sai do meu quarto, vai caçar algo pra você fazer, algo que você faça e preste.
[Antonio sai]

Casa das Bonecas – Tarde– Quarto.
[Alexia e Rachel já entram no quarto conversando]
Rachel: Alexia eu juro que eu não fiz por que quis. Eu sei como você odeia que a gente brigue com os clientes, mas...
[Alexia interrompe]
Alexia: Fica quieta Rachel. Você bem sabe que o que eu deveria fazer era te mandar ir embora.
Rachel: Não! Por favor... Meus pais estão no nordeste, você sabe que eles passam necessidades e acham que eu vim para o Rio de Janeiro e trabalho como garçonete para mandar dinheiro a eles, não me mande ir embora, por favor...
Alexia: Eu sei disso Rachel, e decidi que não vou te mandar embora. Pelo contrário, vou te dar uma missão que você cumprirá ao lado da Manuellla.
Rachel: Missão? Como assim?
Alexia: Viu o garoto que a Manuella trouxe?
Rachel: Sim, eu vi.
Alexia: Pois então, a missão de vocês é transforma-lo na nova sensação da Casa das Bonecas.
[Rachel se espanta]
Rachel: Que?
Alexia: Façam do garoto uma versão menininha para os tarados de plantão, vamos faturar a beça em cima dele. O que acha?

26 de fevereiro de 2013

Capítulo 25 - Doce Urbano





NO CAPÍTULO ANTERIOR...
Casa das Bonecas – Tarde– Quarto.
[Alexia conversa de costas para Manu, de frente o espelho]
Manu: Lembra quando eu fiquei grávida e precisei abortar.
Alexia: De novo esse assunto Manuella? Você bem sabe que garotas de programa não podem ficar grávidas, é prejuízo.
Manu: Não, tudo bem. Eu entendi...
Alexia: Então, qual é a pergunta?
Manu: Quero te pedir para deixa-lo ficar por um tempo.
Alexia: Ele quem? O Menezes?
Manu: Não... Ele...
[Ela aponta para Felipe, escorado na parede, ainda desmaiado. Alexia vira e olha diretamente para ele.]
Alexia: Ele? Um menino?
[Alexia se assusta]

AGORA...
Casa das Bonecas – Tarde– Quarto.
Alexia: Ele? Um menino?
Manu: Sim, um menino!
Alexia: Lógico que não, enlouqueceu Manuella? Esqueceu que isso aqui é uma casa de garotas de programa?
Manu: Eu sei Alexia, eu sei. Mas ele está perdido, como você pode não entender? Você mesma é a experiência própria, prova viva, sabe tudo que ele está passando.
Alexia: Olha aqui Manuella, meu passado não te diz respeito, eu não conto as coisas para vocês para depois ficarem me julgando e usando como arma.
Manu: Eu não estou te julgando, muito menos usando isso como arma. Estou pedindo para pensar, se coloque no lugar dele... Por favor, só uma semana, nada mais, uma semana.
[Alexia fica pensativa]
Alexia: Uma semana, mais nada. Ouviu bem?
Manu: Muito obrigada, você não vá se arrepender.
Alexia: Tomara! E nada desse moleque ficar circulando por aqui na hora do expediente, deixe ele nos quartos do fundo.
Manu: Não precisa se preocupar, não vou te decepcionar.
Alexia: Eu espero... Agora saia, preciso ficar sozinha.
[Manu e Felipe saem]

Funerária Vá com Deus – Tarde–Entrada.
[Neide chega apressada à funerária, o funcionário já está fechando-a]
Neide: Moço, espere! Espere!
Funcionário: Sinto muito senhora, o defunto vai ter que esperar, já estamos fechando.
Neide: Não, não é isso. Eu só preciso de uma informação.
Funcionário: A sessão de descarrego é na quadra de baixo.
Neide: Que sessão de descarrego que nada! Eu quero saber para qual cemitério foi levado o corpo de Zumira.
Funcionário: Volte amanhã e eu já tenho a resposta.
[Zumira enfia a mão na bolsa e retira algumas pratas, ela entrega para ele]
Neide: Isso é tudo que tenho.
[O funcionário abre a porta da funerária]
Funcionário: Vamos entrando... Aceita um cafezinho?

Casa das Bonecas – Tarde– Quarto.
[Manu e Felipe entram no quarto]
Manu: Bem, esse aqui agora é o seu quarto, o banheiro é logo ali...
Felipe: Não sei porque está fazendo isso, mas... Muito obrigado.
Manu: De nada. [Eles se silenciam] Só acho que algumas pessoas na Terra são anjos, e têm a missão de cuidar de alguém. Eu, posso não ser santa, mas estou cumprindo minha missão.
Felipe: Preciso de um banho...
Manu: Quer ajuda?
Felipe: Não, não precisa. Só quero uma roupa...
Manu: Vou ver se consigo algo pra você.
[Manu sai do quarto, Felipe ajoelha no chão com a cabeça na cama e começa a chorar]
- Flahsback –
[Felipe enxuga as ultimas lágrimas]
Felipe: Eu sei... Amanhã já não temos o que comer... A mãe fez os últimos dois ovos ontem.
Bruno: O homem que compra cobre não passou faz duas semanas.
Felipe: Vamos ter que trabalhar, senão “maínha” vai acabar morrendo.
[Os dois se abraçam, com um irmão no meio]
Bruno: Seremos unidos Felipe, e sempre ajudaremos a mãe.
Felipe: Sempre. E nada, nem ninguém vai nos separar.
- Flashback –

Cemitério – Noite.
[Dentro do caixão Zumira acorda, ainda meio sonolenta ela percebe que está presa, ela não houve nada, tudo está muito escuro]
Zumira: Aaaah! Socorro! Socorro!

23 de fevereiro de 2013

Capítulo 24 - Doce Urbano





NO CAPÍTULO ANTERIOR...
Estrada de chão – Manhã.
Manu: Hum... Eu adoro esse seu jeitinho meigo e inocente.
[Eles começam a se beijar. Felipe aparece do nada, correndo, e bate de frente no capô do carro. Manu se assusta.]
Manu: Aaaaah! O que foi isso?
Menezes: Não sei...
[Manu desce correndo do carro e encontra Felipe desmaiado na frente do carro.]
Manu: Meu Deus... É um garoto Menezes, um garoto!
[Manu e Menezes se espantam]

AGORA...
Estrada de chão – Manhã.
Manu: E agora? O que a gente faz?
Menezes: Eu sei lá... Não faço a mínima ideia..
Manu: Tá certo que não passa ninguém nessa estrada, mas não podemos deixa-lo sozinho aqui.
Menezes: Não podemos é deixa-lo com a gente. Ficou doida Manu? Do mesmo jeito que ele apareceu ele pode desaparecer.
Manu: Doido ficou foi você Menezes. Já pensou o que esse garoto pode estar passando?
Menezes: E o que você sugere?
Manu: Preciso de uma ajuda sua. Me ajude a leva-lo até a Casa das Bonecas.
Manu: Casa das bonecas? Agora sim você ficou doida. O que você acha que a Alexia vai pensar disso?
Manu: Eu sei o que eu estou fazendo... Confia em mim. Vai me ajudar ou não?
Menezes: Tudo bem.
[Os dois pegam Felipe no colo, o colocam no carro e saem]


Hospital Scott L. – Manhã – Entrada.
[Alguns funcionários da funerária passam com o corpo de Zumira em um caixão, eles estão cercados de seguranças. Neide começa a gritar.]
Neide: Amiga! Devolvem a minha amiga! Assassinos! Ela não morreu, não morreu. Zumira, volte!

Fazenda Conquista – Manhã – Entrada.
[O dono – Venâncio – da fazenda percebe que Antônio está em suas terras. Ele se aproxima.]
Venâncio: Bom dia, moço.
Antônio: Bom dia.
Venâncio: Te conheço?
Antônio: Creio eu que não. Mas, deixe-me apresentar. Jeremias, ao seu dispor. [Ele estende a mão.]
Venâncio: E o que o senhor está fazendo aqui na minha fazenda?
Antônio: Meus peões deixaram dois cavalos escaparem de uma transportação nossa, pensei que eles pudessem estar por aqui.
Venâncio: Pensou mal. E por aqui não temos o costume de invadir terras sem autorização.
Antônio: Mil perdões. Eu já estou de saída.
[Antônio sai]

Hospital Scott L. – Manhã – Entrada.
[Os funcionários da funerária vão colocando o caixão dentro do carro e Neide continua a escandalizar.]
Neide: Eu vou com vocês. Não quero saber, vou aonde vocês forem. Não é justo que me impeçam de ver a minha única amiga.
[Ela chora, um dos funcionários a empurra para longe]
Funcionário: Eu acho melhor a senhora sair de perto. Vá embora!
Neide: Não vou! Ninguém vai me impedir!
[Os funcionários entram no carro e saem deixando Neide sozinha. Marques, que observava de longe, se aproxima]
Marques: Com licença.
Neide: O que foi? Vai querer me esnobar também? Me deixa em paz.
Marques: Calma... Você nem me conhece.
Neide: É por isso mesmo, a única que eu conhecia e confiava morreu e eu nem sei como.
[Marques enfia a mão no bolso e retira um cartão-visita.]
Marques: Esse aqui é o endereço da funerária. Eu conheço lá. Quem sabe você não consegue retirar alguma informação de em que cemitério sua amiga está.
[Ela pega o cartão]
Neide: Obrigada.
Marques: Tudo bem, só não conte nada a ninguém, por favor.

Casa das Bonecas – Manhã – Sala.
[Manu e Menezes chegam com Felipe nos ombros, ainda desmaiado. A Casa das Bonecas é um prostíbulo bastante frequentado, em uma zona longe da cidade. Há diversas mulheres se arrumando, outras arrumando o local, todas olham para Manu e Menezes.]
Manu: Tudo bem Menezes, obrigado.
Menezes: Posso ir?
Manu: Pode. Obrigado por ter me ajudado a trazê-lo.
[Ele balança a cabeça e sai. Todas as garotas ainda olham fixamente para Manu.]
Manu: O que foi gente? Por que estão me olhando assim? Morreu alguém...
Rachel: Você agora tá fazendo serviço para crianças?
Manu: Não Rachel. Eu só estou ajudando.
Rachel: É bem a sua cara mesmo, agora além de trapaceira é pedófila.
Manu: Escuta aqui minha filha, se eu pegar essa sua cara, eu...
[Glória interrompe]
Glória: Vamos parar com essa briguinha de marica!
[Elas calam]
Manu: Cadê a Alexia?
Glória: Tá no quarto seis.
Manu: Tem cliente lá?
Glória: Não, ela está sozinha. Ainda não abrimos.
Manu: Aham...
[Manu sobe as escadas com Felipe apoiado no ombro. Glória conversa com Rachel.]
Glória: Você tá mexendo com a pessoa errada.
Rachel: Ah, estou? E quem é essa pessoa errada? Porque agora eu não vi nada.
Glória: Você vai ver... [As duas se entreolham] Circulando pessoal, circulando!

Cemitério – Tarde.
[Dois homens jogam o caixão e jogam terra em cima. Eles terminam o serviço.]

Casa das Bonecas – Tarde– Quarto.
[Alexia está se maquiando de frente ao espelho, Manu entra.]
Manu: Com licença, Alexia.
Alexia: Manu? E então, como foi com o Menezes.
Manu: Bem, sempre é muito bem. Mas, na verdade eu vim aqui falar sobre outra coisa.
Alexia: Pois diga.
[Alexia conversa de costas para Manu, de frente o espelho]
Manu: Lembra quando eu fiquei grávida e precisei abortar.
Alexia: De novo esse assunto Manuella? Você bem sabe que garotas de programa não podem ficar grávidas, é prejuízo.
Manu: Não, tudo bem. Eu entendi...
Alexia: Então, qual é a pergunta?
Manu: Quero te pedir para deixa-lo ficar por um tempo.
Alexia: Ele quem? O Menezes?
Manu: Não... Ele...
[Ela aponta para Felipe, escorado na parede, ainda desmaiado. Alexia vira e olha diretamente para ele.]
Alexia: Ele? Um menino?
[Alexia se assusta]


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22 de fevereiro de 2013

Capítulo 23 - Doce Urbano



 
NO CAPÍTULO ANTERIOR...
Hospital Scott L. – Manhã – Quarto de Zumira.
Salvatore: Agora, eu vou aplicar uma injeção em você. É apenas um calmante, para passar o estresse.
Zumira: Estou mesmo precisando.
Salvatore: Então eu adivinhei mesmo. Relaxe que eu vou aplicar.
[Ele injeta o liquido nela, a reação é questão de segundos.]
Zumira: Nossa! Eu não estou me sentindo bem...
Salvatore: O que houve?
Zumira: Meus ouvidos estão zunindo muito, meu corpo parece que está formigando, não consigo manter os olhos abertos.
[As palavras dela vão sumindo, até que ela se apaga de vez. Salvatore liga para Antunes.]
Salvatore: Alô, Antunes? Salvatore. Sim. Serviço cumprido. Ótimo! Mande o caixão o mais rápido que puder. A defunta já está pronta!

AGORA...
Milharal – Manhã.
[Felipe corre tentando chegar ao outro lado do milharal. Antônio volta por onde veio, sai do milharal e chega ate a BR.]
Antônio: Se ele quer correr, eu vou ensina-lo como se faz. A mamãezinha dele deu asas demais e não o ensinou a voar. [Ele ri alto. Vai até o carro, pega um galão com gasolina e espalha em algumas partes do milharal, ele ateia fogo e fica observando na BR]
Antônio: Agora eu quero ver você correndo, traste! [Ele grita]
[Felipe percebe que o fogo está se alastrando e corre mais ainda]
[Antonio entra no carro e segue em direção a fazenda onde o milharal começa, a fim de encontrar Felipe.]


Hospital Scott L. – Manhã – Corredores.
[O alarme do hospital soa indicando que alguém morreu. Salvatore sai da sala de diretoria fingindo estar preocupado e encontra uma enfermeira – Judith.]
Salvatore: Que barulho é esse? O que houve?
Judith: O alarme do quarto 67 soou. Provavelmente alguém deve ter morrido.
Salvatore: Zumira...
Judith: Como o senhor sabe?
Salvatore: Um parente distante dela esteve aqui ontem e já está tudo pago quanto ao funeral.
Judith: Parente? Mas e aquela amiga que visitava ela todos os dias?
Salvatore: Faz dias que ela não aparece.

Casarão de Antunes – Tarde – Entrada.
[Antunes chega de carro com Bruno, Marques – capanga – está no portão do casarão.]
Marques: Bom dia, senhor.
Antunes: Bom dia uma ova. Cadê aquele desgraçado do Antonio que eu ligo o telefone dele e não dá nada?
Marques: Ele veio aqui no casarão, pegou um dos carros e saiu à procura daquele outro garoto.
Antunes: Imbecil! O Antonio não faz nada que preste! Por que não deixou o garoto escapar? Ele dá bandeira demais, se os tiras pega ele, eu não movo um dedo para salvá-lo.
Marques: Sei...
Antunes: Não, não sabe bosta nenhuma. Falando nisso, eu preciso de um serviço seu.
Marques: O que é?
Antunes: Vá até a cidade, passe na funerária e compre um caixão. Depois vá até o hospital na baixada da praça e peça para falar com o diretor, Salvatore Réner.
[Marques parece não entender]
Marques: Caixão? Mas pra que?
Antunes: Cala a boca e vá logo Marques, vira homem ao menos uma vez na vida. E se você mijar na isca, fizer qualquer besteira, eu te mato, seja onde você estiver. Me ouviu bem?
[Marques engole seco.]
Marques: Sim, senhor.
[Antunes e Bruno entram.]

Hospital Scott L. – Manhã – Entrada.
[A entrada do hospital está muito movimentada. Jornalistas chegam para cobrir a morte de Zumira. Os seguranças barram a entrada. Neide se aproxima com uma marmita nos braços.]
Neide: Que diabos está acontecendo aqui meu Deus?
[Ela conversa com um repórter]
Neide: Com licença moço, o que vocês estão fazendo aqui?
Repórter: Estamos tentando fazer uma matéria sobre a morte de uma mulher, mas os seguranças não nos deixam entrar.
Neide: Mulher? Que mulher é essa?
Repórter: Aquela moradora do lixão que fez um escândalo duas vezes na TV.
Neide: Como é que é? O senhor tem certeza disso?
Repórter: Tenho sim. A causa da morte ainda não foi divulgada.
Neide: Não pode ser...
[Neide fica preocupada, sem saber o que fazer. Ela se aproxima dos seguranças e começa a gritar.]
Neide: Eu quero entrar. Me deixem entrar. Zumira! Zumira! Cadê você? Me deixem entrar! Eu quero ver a minha amiga. Zumira!

Estrada – Manhã.
[Marques – capanga de Antunes – está dirigindo rumo á cidade, pensativo.]
- Flashback –
Antunes: Não, não sabe bosta nenhuma. Falando nisso, eu preciso de um serviço seu. Vá até a cidade, passe na funerária e compre um caixão. Depois vá até o hospital na baixada da praça e peça para falar com o diretor, Salvatore Réner. Cala a boca e vá logo Marques, vira homem ao menos uma vez na vida. E se você mijar na isca, fizer qualquer besteira, eu te mato, seja onde você estiver. Me ouviu bem?
- Flashback –
[Marques freia o carro rapidamente.]
Marques: Eu não posso estar fazendo a coisa certa... [Ele fica pensativo.] Mas, em compensação, se eu não fizer, estou morto. Seja o que Deus quiser... [Ele começa a andar novamente]

Milharal – Manhã.
[Felipe consegue sair em outra estrada, longe de Antônio, ele sai em uma estrada de chão. Ele está todo cansado, quase desmaiando.]

Estrada de chão – Manhã.
[Manu – uma prostituta – conversa com seu cliente – Menezes – dentro do carro em uma estrada de chão com nenhum movimento]
Menezes: Você tem que entender gata. Você é gostosa, cheirosa e me deixa louco, mas...
Manu: Mas o quê Menezes? Mas o que? Até agora eu não to te entendendo.
Menezes: Se minha esposa nos pega em casa eu perco meu emprego.
Manu: Mas e sua empresa?
Menezes: Está no nome dela. Se ela descobre que eu transo com outra mulher que não seja ela, eu saio de casa com uma mão na frente e outra atrás.
Manu: Hum... Eu adoro esse seu jeitinho meigo e inocente.
[Eles começam a se beijar. Felipe aparece do nada, correndo, e bate de frente no capô do carro. Manu se assusta.]
Manu: Aaaaah! O que foi isso?
Menezes: Não sei...
[Manu desce correndo do carro e encontra Felipe desmaiado na frente do carro.]
Manu: Meu Deus... É um garoto Menezes, um garoto!
[Manu e Menezes se espantam]

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