26 de fevereiro de 2013

Capítulo 25 - Doce Urbano





NO CAPÍTULO ANTERIOR...
Casa das Bonecas – Tarde– Quarto.
[Alexia conversa de costas para Manu, de frente o espelho]
Manu: Lembra quando eu fiquei grávida e precisei abortar.
Alexia: De novo esse assunto Manuella? Você bem sabe que garotas de programa não podem ficar grávidas, é prejuízo.
Manu: Não, tudo bem. Eu entendi...
Alexia: Então, qual é a pergunta?
Manu: Quero te pedir para deixa-lo ficar por um tempo.
Alexia: Ele quem? O Menezes?
Manu: Não... Ele...
[Ela aponta para Felipe, escorado na parede, ainda desmaiado. Alexia vira e olha diretamente para ele.]
Alexia: Ele? Um menino?
[Alexia se assusta]

AGORA...
Casa das Bonecas – Tarde– Quarto.
Alexia: Ele? Um menino?
Manu: Sim, um menino!
Alexia: Lógico que não, enlouqueceu Manuella? Esqueceu que isso aqui é uma casa de garotas de programa?
Manu: Eu sei Alexia, eu sei. Mas ele está perdido, como você pode não entender? Você mesma é a experiência própria, prova viva, sabe tudo que ele está passando.
Alexia: Olha aqui Manuella, meu passado não te diz respeito, eu não conto as coisas para vocês para depois ficarem me julgando e usando como arma.
Manu: Eu não estou te julgando, muito menos usando isso como arma. Estou pedindo para pensar, se coloque no lugar dele... Por favor, só uma semana, nada mais, uma semana.
[Alexia fica pensativa]
Alexia: Uma semana, mais nada. Ouviu bem?
Manu: Muito obrigada, você não vá se arrepender.
Alexia: Tomara! E nada desse moleque ficar circulando por aqui na hora do expediente, deixe ele nos quartos do fundo.
Manu: Não precisa se preocupar, não vou te decepcionar.
Alexia: Eu espero... Agora saia, preciso ficar sozinha.
[Manu e Felipe saem]

Funerária Vá com Deus – Tarde–Entrada.
[Neide chega apressada à funerária, o funcionário já está fechando-a]
Neide: Moço, espere! Espere!
Funcionário: Sinto muito senhora, o defunto vai ter que esperar, já estamos fechando.
Neide: Não, não é isso. Eu só preciso de uma informação.
Funcionário: A sessão de descarrego é na quadra de baixo.
Neide: Que sessão de descarrego que nada! Eu quero saber para qual cemitério foi levado o corpo de Zumira.
Funcionário: Volte amanhã e eu já tenho a resposta.
[Zumira enfia a mão na bolsa e retira algumas pratas, ela entrega para ele]
Neide: Isso é tudo que tenho.
[O funcionário abre a porta da funerária]
Funcionário: Vamos entrando... Aceita um cafezinho?

Casa das Bonecas – Tarde– Quarto.
[Manu e Felipe entram no quarto]
Manu: Bem, esse aqui agora é o seu quarto, o banheiro é logo ali...
Felipe: Não sei porque está fazendo isso, mas... Muito obrigado.
Manu: De nada. [Eles se silenciam] Só acho que algumas pessoas na Terra são anjos, e têm a missão de cuidar de alguém. Eu, posso não ser santa, mas estou cumprindo minha missão.
Felipe: Preciso de um banho...
Manu: Quer ajuda?
Felipe: Não, não precisa. Só quero uma roupa...
Manu: Vou ver se consigo algo pra você.
[Manu sai do quarto, Felipe ajoelha no chão com a cabeça na cama e começa a chorar]
- Flahsback –
[Felipe enxuga as ultimas lágrimas]
Felipe: Eu sei... Amanhã já não temos o que comer... A mãe fez os últimos dois ovos ontem.
Bruno: O homem que compra cobre não passou faz duas semanas.
Felipe: Vamos ter que trabalhar, senão “maínha” vai acabar morrendo.
[Os dois se abraçam, com um irmão no meio]
Bruno: Seremos unidos Felipe, e sempre ajudaremos a mãe.
Felipe: Sempre. E nada, nem ninguém vai nos separar.
- Flashback –

Cemitério – Noite.
[Dentro do caixão Zumira acorda, ainda meio sonolenta ela percebe que está presa, ela não houve nada, tudo está muito escuro]
Zumira: Aaaah! Socorro! Socorro!

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