19 de fevereiro de 2013

Capítulo 20 - Doce Urbano

 


NO CAPÍTULO ANTERIOR...
Matagal –Noite .
[Felipe consegue despistar Antônio e sair do matagal. Começa a chuviscar. Ele consegue sair em uma BR, tudo está muito escuro, ele respira ofegantemente. Um caminhão vem em alta velocidade no rumo de Felipe, com o farol alto e buzinando. Felipe se assusta.]

AGORA...
Matagal –Noite .
[Felipe se assusta. O motorista do caminhão freia rapidamente, porém o caminhão demora a parar. Felipe fica sem reação e o caminhão consegue parar sem bater nele. Felipe desmaia de susto, cansaço e fome, ele cai no chão. O motorista – Wando – desce correndo do caminhão e vai ao encontro de Felipe.]
Wando: Meu Deus! O que eu fiz? [Ele coloca a mão em Felipe e percebe que ele está inconsciente] Acorda! Garoto, acorda! [Wando olha para os lados, nenhum carro se aproxima. Ele pega Felipe no colo e o coloca na carroceria do caminhão onde ele transporta mercadoria. Ele fecha a porta.] Tomara que não seja nada grave.
[Ele entra no caminhão e começa a dirigir rumo à cidade. De longe, escondido na mata, Antônio observa toda a cena.]
Antonio: Garoto... Garoto... Você não sabe no que se meteu.


Hospital Scott L. –Noite – Quarto de Zumira .
[Assim que os repórteres saem, Neide e Zumira conversam]
Neide: Amiga, eu estou passada. Você? Nunca pensei que tivesse essa coragem...
Zumira: Eu também pensei que não tivesse... Mas a tirei de onde pude...
Neide: Reze minha amiga, reze muito, pois ninguém sabe o que essa reportagem vai causar.
Zumira: Como assim?
Neide: Já parou para pensar o que esse homem fará ao ver essa reportagem?
[Zumira se assusta]
Zumira: Eu não tinha pensado nisso.
Neide: Pois é bom que pense...

Casarão de Antunes –Noite  - Porão.
[Marques – capanga de Antunes – abre a porta do porão vagarosamente e acende a luz. Ele percebe que Bruno está dormindo na escada e os cachorros estão afastados, também dormindo.]
Marques: O que? Isso não pode ser verdade...
[Ele saca a arma e aponta para os cachorros, prevenindo, ele desce as escadas lentamente, cutuca em Bruno, ele acorda meio sonolento.]
Bruno: Hã?!
Marques: Levante-se, venha comigo.
Bruno: O que você quer?
Marques: Vem comigo, me segue.
[Bruno levanta, meio sonolento e segura na mão de Marques. Eles saem do porão.]

Casarão de Antunes –Noite .
[Antunes, está com o corpo todo machucado e com a mão enfaixada. Ele está sentado na cama passando pomada pelo corpo, com a televisão ligada.]
Antunes: Desgraçado... Filho duma égua! Se eu pego aquele traste, eu envergo ele.
[No canal da TV, começa a ser transmitido o jornal]
- Jornal –
Jornalista: E agora, no plantão da madrugada você confere com exclusividade o relato envolvente e surpreendedor da catadora de lixo ameaçada dias atrás.
- Reportagem –
Zumira: Sem ter o que comer e com as condições fracas eu vim à cidade grande e recebi a proposta de um homem para me prostituir. Eu fiz conforme havíamos combinado... Ao retornar para casa, tudo e todos que eu tinha por mim haviam sido destruídos pelo fogo. Foi justamente no dia em que eu escandalizei em rede nacional. Por causa do escândalo, o homem o qual eu me prostitui a ele, me agrediu violentamente, tentou me matar e sofri ameaças.
- Reportagem/Jornal –
[Antunes joga a pomada no chão]
Antunes: Desgraçada! Ordinária! Como essa mulher do capeta ainda não morreu?
[Ele levanta eufórico, veste a camisa usando apenas uma mão e pega a chave de um carro. Ele sai apressado.]

Casarão de Antunes –Madrugada - Corredor .
[Antunes passa apressadamente pelo corredor. Ele se encontra com Marques e Bruno.]
Marques: Chefe!
Antunes: Me deixa que eu estou com pressa!
Marques: Mas é que o garoto sobreviveu aos cachorros.
[Antunes se assusta]
Antunes: Sobreviveu? Como?
Marques: Não sei, senhor.
Antunes: Quem foi o imbecil que os alimentou esses dias?
Marques: Não fui eu. Mas, o que faço com ele?
[Antunes fica mais irritado]
Antunes: Seus imprestáveis... Nem pra isso vocês servem. Onde está o Antônio?
Marques: Foi à procura do outro garoto, o fugitivo.
Antunes: Droga!
[Antunes puxa Bruno pelo cabelo]
Antunes: Pode deixar que eu levo essa peste comigo.
[Ele leva Bruno o puxando pelo cabelo]

Casarão de Antunes –Madrugada – Lado de fora.
[Antunes abre a porta do passageiro do quarto, e segurando Bruno pelo cabelo o joga no carro. Ele fecha a porta e entra pela outra porta. Ele pega uma arma no banco de tras e entrega para Bruno.]
Bruno: Pra que isso?
Antunes: Fica atento e abre a porra desse vidro, se eu mandar atirar você manda bala, sem dó. E cala essa boca! Minha paciência já esgotou...
[Ele liga o carro, acelera e sai dirigindo apenas com uma mão.]

Hospital Scott L. – Quarto de Zumira - Madrugada .
[Zumira está deitada na cama. Ela começa a rolar e conturbar-se, tendo um pesadelo.]
- Pesadelo –
[Zumira está em um lugar escuro, acorrentada. Alguém, misteriosamente a julga.]
- Feliz agora? Porque depois de ter desgraçado a vida de tantas pessoas, o mínimo que você poderia fazer agora era ficar feliz. Impostora! Nunca, nunca deu um gosto para seus filhos, um prazer para seu marido. Apenas desgosto! Seu fim é próximo Zumira, bem próximo.
[A ultima frase começa a ecoar em sua mente]
- Pesadelo –
[Zumira acorda assustada]
Zumira: Aaaah! Foi apenas um sonho... Acalme-se Zumira, apenas um sonho...
[Ele bebe um pouco de água e olha no relógio]
Zumira: Três e quarenta da madrugada...

Estrada – Amanhecendo.
[Dentro da carroceria do caminhão, Felipe começa a acordar, ele olha em volta e se assusta. Ele está cercado de caixas, muitas caixas cheias de ossos.]
Felipe: O-oh! Me-meu Deus!
[Ele se assusta]


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