
NO CAPÍTULO ANTERIOR...
Matagal –Noite
.
[Felipe
consegue despistar Antônio e sair do matagal. Começa a chuviscar. Ele consegue
sair em uma BR, tudo está muito escuro, ele respira ofegantemente. Um caminhão
vem em alta velocidade no rumo de Felipe, com o farol alto e buzinando. Felipe
se assusta.]
AGORA...
Matagal –Noite
.
[Felipe se assusta. O motorista do
caminhão freia rapidamente, porém o caminhão demora a parar. Felipe fica sem
reação e o caminhão consegue parar sem bater nele. Felipe desmaia de susto,
cansaço e fome, ele cai no chão. O motorista – Wando – desce correndo do caminhão
e vai ao encontro de Felipe.]
Wando: Meu Deus! O que eu fiz? [Ele coloca a mão em Felipe e percebe que
ele está inconsciente] Acorda! Garoto, acorda! [Wando olha para os lados, nenhum carro se aproxima. Ele pega Felipe
no colo e o coloca na carroceria do caminhão onde ele transporta mercadoria.
Ele fecha a porta.] Tomara que não seja nada grave.
[Ele entra no caminhão e começa a
dirigir rumo à cidade. De longe, escondido na mata, Antônio observa toda a
cena.]
Antonio: Garoto... Garoto... Você não sabe
no que se meteu.
Hospital Scott
L. –Noite – Quarto de Zumira .
[Assim que os repórteres saem,
Neide e Zumira conversam]
Neide: Amiga, eu estou passada. Você?
Nunca pensei que tivesse essa coragem...
Zumira: Eu também pensei que não
tivesse... Mas a tirei de onde pude...
Neide: Reze minha amiga, reze muito,
pois ninguém sabe o que essa reportagem vai causar.
Zumira: Como assim?
Neide: Já parou para pensar o que esse
homem fará ao ver essa reportagem?
[Zumira se assusta]
Zumira: Eu não tinha pensado nisso.
Neide: Pois é bom que pense...
Casarão de
Antunes –Noite - Porão.
[Marques – capanga de Antunes –
abre a porta do porão vagarosamente e acende a luz. Ele percebe que Bruno está
dormindo na escada e os cachorros estão afastados, também dormindo.]
Marques: O que? Isso não pode ser
verdade...
[Ele saca a arma e aponta para os
cachorros, prevenindo, ele desce as escadas lentamente, cutuca em Bruno, ele
acorda meio sonolento.]
Bruno: Hã?!
Marques: Levante-se, venha comigo.
Bruno: O que você quer?
Marques: Vem comigo, me segue.
[Bruno levanta, meio sonolento e
segura na mão de Marques. Eles saem do porão.]
Casarão de
Antunes –Noite .
[Antunes, está com o corpo todo
machucado e com a mão enfaixada. Ele está sentado na cama passando pomada pelo
corpo, com a televisão ligada.]
Antunes: Desgraçado... Filho duma égua! Se
eu pego aquele traste, eu envergo ele.
[No canal da TV, começa a ser
transmitido o jornal]
-
Jornal –
Jornalista: E agora, no plantão da madrugada
você confere com exclusividade o relato envolvente e surpreendedor da catadora
de lixo ameaçada dias atrás.
-
Reportagem –
Zumira: Sem ter o que comer e com
as condições fracas eu vim à cidade grande e recebi a proposta de um homem para
me prostituir. Eu fiz conforme havíamos combinado... Ao retornar para casa,
tudo e todos que eu tinha por mim haviam sido destruídos pelo fogo. Foi
justamente no dia em que eu escandalizei em rede nacional. Por causa do
escândalo, o homem o qual eu me prostitui a ele, me agrediu violentamente,
tentou me matar e sofri ameaças.
- Reportagem/Jornal –
[Antunes
joga a pomada no chão]
Antunes:
Desgraçada! Ordinária! Como essa mulher do capeta ainda não morreu?
[Ele
levanta eufórico, veste a camisa usando apenas uma mão e pega a chave de um
carro. Ele sai apressado.]
Casarão de
Antunes –Madrugada - Corredor .
[Antunes passa apressadamente pelo
corredor. Ele se encontra com Marques e Bruno.]
Marques: Chefe!
Antunes: Me deixa que eu estou com pressa!
Marques: Mas é que o garoto sobreviveu aos
cachorros.
[Antunes se assusta]
Antunes: Sobreviveu? Como?
Marques: Não sei, senhor.
Antunes: Quem foi o imbecil que os
alimentou esses dias?
Marques: Não fui eu. Mas, o que faço com
ele?
[Antunes fica mais irritado]
Antunes: Seus imprestáveis... Nem pra isso
vocês servem. Onde está o Antônio?
Marques: Foi à procura do outro garoto, o
fugitivo.
Antunes: Droga!
[Antunes puxa Bruno pelo cabelo]
Antunes: Pode deixar que eu levo essa
peste comigo.
[Ele leva Bruno o puxando pelo
cabelo]
Casarão de
Antunes –Madrugada – Lado de fora.
[Antunes abre a porta do
passageiro do quarto, e segurando Bruno pelo cabelo o joga no carro. Ele fecha
a porta e entra pela outra porta. Ele pega uma arma no banco de tras e entrega
para Bruno.]
Bruno: Pra que isso?
Antunes: Fica atento e abre a porra desse
vidro, se eu mandar atirar você manda bala, sem dó. E cala essa boca! Minha
paciência já esgotou...
[Ele liga o carro, acelera e sai
dirigindo apenas com uma mão.]
Hospital Scott
L. – Quarto de Zumira - Madrugada .
[Zumira está deitada na cama. Ela
começa a rolar e conturbar-se, tendo um pesadelo.]
-
Pesadelo –
[Zumira está em um lugar escuro,
acorrentada. Alguém, misteriosamente a julga.]
- Feliz agora? Porque depois de ter
desgraçado a vida de tantas pessoas, o mínimo que você poderia fazer agora era
ficar feliz. Impostora! Nunca, nunca deu um gosto para seus filhos, um prazer
para seu marido. Apenas desgosto! Seu fim é próximo Zumira, bem próximo.
[A ultima frase começa a ecoar em
sua mente]
-
Pesadelo –
[Zumira acorda assustada]
Zumira: Aaaah! Foi apenas um sonho...
Acalme-se Zumira, apenas um sonho...
[Ele bebe um pouco de água e olha
no relógio]
Zumira: Três e quarenta da madrugada...
Estrada –
Amanhecendo.
[Dentro da carroceria do caminhão,
Felipe começa a acordar, ele olha em volta e se assusta. Ele está cercado de
caixas, muitas caixas cheias de ossos.]
Felipe: O-oh! Me-meu Deus!
[Ele se assusta]
O trabalho Doce Urbano de Sadrack Oliveira Alves foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada.
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