NO CAPÍTULO ANTERIOR...
Sitio de
Antunes – Chegada - Tarde.
[Antunes,
Antonio, Felipe e Bruno chegam até o sitio onde Antunes mantem crianças presas
em treinamento. O sitio é cercado por um milharal já seco, cuja função é tampar
a vista de um enorme casarão com muitos cômodos.]
Antunes: E
então garotos? O que acharam da paisagem? Sejam bem-vindos ao seu novo lar.
Doce lar!
AGORA...
Sitio de
Antunes – Chegada - Tarde.
[Os garotos
continuam calados. Antunes insiste.]
Antunes:
Não vão me responder não? Bando de desnaturados. [Eles continuam calados. Antunes se abaixa e fica cara a cara com
eles.] A partir de agora é tudo na rédea curta, estão vendo aquele casarão?
Pois bem, ali quem manda é eu. Se me desobedecerem, eu mato, sem dó nem
piedade. Faço de vocês o que quiserem, afinal, vocês são propriedades minhas. E
a partir de hoje, me chamem de Senhor Antão. Entenderam?
Felipe:
Sim, senhor Antão.
[Bruno
continua calado. Antunes dá um tapa no rosto dele.]
Antunes: Entendeu?
Bruno:
Sim... Entendi, senhor Antão.
Antunes:
Excelente... É assim que eu gosto.
[Antunes
abre a porta da caminhonete e pega uma algema. Ele prende os braços de Bruno e
Felipe, um no outro]
Antunes:
Leve eles para algum quarto vazio Antonio. Converso com eles depois.
Antonio:
E quanto ao senhor?
Antunes:
Eu vou fazer uma ronda e se der tempo passa na casa da Alexia.
Antonio:
Vai divertir um pouco, né garanhão? Pode deixar que eu cuido deles.
[Antonio
sai segurando Bruno e Felipe.]
Hospital Scott
L. – Quarto de Zumira- Tarde.
[Zumira
está no quarto, sozinha. Com um terço na mão, ela reza e faz uma prece.]
Zumira:
[...] Te peço, que aonde quer que esteja, me escute. Sou fraca, errante e muito
necessito da tua ajuda. Perdi tudo e todos que eu tinha, que olhavam por mim,
agora, zele ao menos pelas almas deles.
Estrada/BR –
Tarde.
[Enquanto
Zumira reza, Antunes dirige em alta velocidade na BR e começa a sentir forte
ardor pelo corpo, ele começa a apanhar, a ser surrado por algo que ele não
consegue ver]
Antunes:
Socorro! Me ajudem! Socorro!
[Ele bate
no vidro da caminhonete tentado abrir mas não consegue. Algo o chicoteia, mas
ele não consegue ver o que é. A caminhonete começa a rodopiar na pista, a
seguir vários rumos, e os outros motoristas são obrigados a desviar]
Antunes:
Me ajudem! Aaaah! Socorro!
[A pele de
Antunes começa a minar sangue e a ficar extremamente marcada. A caminhonete
bate em um outdoor e a surra cessa. Antunes consegue desligar a caminhonete.
Ele encosta a cabeça no volante, quase desmaiando.]
Matagal –
Casarão de Antunes – Tarde.
[Antônio
entra com os garotos dentro do casarão, com muros altos e um enorme portão. No
pátio diversos adolescentes conversam e olham maliciosamente para Bruno e
Felipe. Antônio entra na casa com Bruno e Felipe e os deixam em um quarto, ele
tira as algemas.]
Antônio: Vocês
vão ficar aqui até a ordem do chefe.
Bruno:
O que vocês vão fazer com a gente?
Antônio:
Calma... Em breve vocês irão saber.
Felipe:
Eu tô com sede. Quero água! [Felipe fala
em tom severo. Antônio fecha a porta do quarto e vai tirando o cinco e
abaixando as calças enquanto fala.]
Antônio: Tá com sede é? Que tal beber um leitinho
quentinho do tio Antônio, hein?!
[Felipe
cospe no rosto dele. Antônio retira com nojo o cuspe do rosto e sobe as
calças.]
Antônio:
Você vai se arrepender disso. [Ele abre
a porta para sair e volta, chega bem perto de Felipe.] Você sabia que aqui
tem leões? Não são bem aqueles leões reis da floresta, com juba e tudo mais
não. Mas o chefe costuma chama-los de leões, eles são três grandes dobermanns
que nós críamos no porão, lá no escuro, famintos, eles só comem de três em três
dias, para ficarem bem esfomeados. Pense bem antes de ser a próxima refeição
deles.
[Antônio
sai e tranca a porta. Felipe e Bruno olham um para o outro, tristonhos e
preocupados. O quarto é pequeno, tem um colchão no chão e uma janela pequena
cercada de grades.]
Hospital
Socott L. – Quarto de Zumira - Tarde.
[Zumira
está no quarto, deitada na cama lendo uma revista do hospital. Neide chega com
uma vasilha de sopa.]
Neide: Cheguei!
Zumira:
Que bom... Já estava me sentindo sozinha.
Neide:
Que nada! Fiz uma sopa deliciosa e ainda piquei o chuchu do jeito que você
gosta. Sei que não é nem cinco horas direito, mas é sempre bom reforçar o
estômago antes da janta.
Zumira:
É verdade. Muito obrigado, por tudo que você está fazendo, por tudo mesmo!
Neide:
Não tem nada Zumira... O que a gente não faz por uma boa amiga? Não é mesmo?
[Zumira dá
uma leve risada]
Zumira:
Eu gostaria de te pedir um pequeno, pequeno favor mesmo.
Neide:
Diga! O que é?
Zumira:
Preciso que consiga um jeito de trazer um repórter de TV até aqui. Eu tenho que
desmascara a pessoa que me deixou nesse estado.
[Neide se
espanta]
Neide: Tem
certeza Zumira? Isso pode ser perigoso.
Zumira:
Eu sei que é! Mas deve ser feito, nem que custe minha vida.
Matagal –
Casarão de Antunes – Anoitecendo.
[Antunes
chega até o casarão de táxi, ele desce do carro.]
Antunes: Vou
te pagar por duas coisas, pela viagem e pra você esquecer que esteve aqui.
- Tudo
bem chefia. Pode confiar...
Antunes:
Ótimo!
[Antunes
paga e o taxista vai embora. Antunes quase não consegue andar, todo dolorido,
cheio de vergões e marcado, a roupa toda suja. Ele entra no pátio do casarão,
todos os adolescentes o olham espantado, ele entra e já encontra Antônio.]
Antônio:
Antão? O que foi cara? Quem te bateu?
Antão:
O capeta Antônio. O capeta! Não tá vendo?
O trabalho Doce Urbano de Sadrack Oliveira Alves foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada.
muito boa...
ResponderExcluirmas quero a paola
Gnt! Cadê a Paolla?
ResponderExcluirÉrica!
Pessoal, tenham só um pouquinho de calma. A Paolla volta em breve...
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