8 de abril de 2013

BOMBA:A Grande Familia pode ficar no ar pra sempre

Nenê (Marieta Severo), Tuco (Lúcio Mauro Filho) e Lineu (Marco Nanini)

Começo de temporada é sempre uma encrenca. A série precisa voltar com um episódio de impacto, mas também tem que mostrar que sua dinâmica continua a mesma. A coisa fica ainda mais complicada quando já se está há 12 anos no ar.
“A Grande Família” retornou nesta quinta-feira (4) à programação da Globo ampliando o próprio recorde. Já era, de longe, a “sitcom” brasileira de maior longevidade: agora inicia a 13ª temporada da segunda encarnação do programa [a primeira durou três anos, na década de 70].
E o que se viu foi um dos melhores episódios de todos os tempos. “Cozido se Come Brigando” –assinado por nada menos que sete roteiristas– serviu tanto para lançar um novo conflito como para recordar a longa jornada do programa.
Foi muito melhor que a estreia da temporada de 2012, em que Lineu (Marco Nanini) passou quatro anos em coma para a história dar um salto no tempo. Quando acordou, o patriarca da família viu que sua mulher Nenê (Marieta Severo) estava prestes a ceder aos avanços de seu médico: mas será que algum espectador achou que isto realmente aconteceria?
O rapaz vende sua parte para a irmã, que se instala no ninho paterno com marido, filho, armas e bagagens. Uma alusão proposital aos primórdios do seriado, quando todos viviam debaixo do mesmo teto.Desta vez o problema é muito mais orgânico e com mais potencial para gargalhadas. Nenê e Lineu resolvem doar em vida a casa em que moram para os filhos Tuco (Lúcio Mauro Filho) e Bebel (Guta Stresser).
E também a deixa para vários momentos de “flashback”, onde os atores aparecem mais jovens e as imagens com menos qualidade que as de hoje. Passou a sensação docemente amarga de que o tempo voa, mas é para a frente que ele vai.
Outra novidade é a profusão de falas engraçadas: aquilo que os americanos chamam de “one liners”, em que cada frase é uma piada. Isto nunca foi uma característica muito forte dos seriados humorísticos brasileiros, que procuram a graça mais na situação do que nos diálogos. “A Grande Família” está conseguindo encontrá-la das duas maneiras.
Comenta-se que esta seria a última temporada do programa. É natural que haja um certo desgaste depois de tantos anos. Além disso, são frequentes as notícias de picuinhas entre o elenco. Mas a estreia desta quinta-feira (4) mostrou que há fôlego para muito mais.
Ano passado eu disse que “A Grande Família” era o equivalente brasileiro dos “Simpsons”. Mas o tempo não passa para a família do desenho animado americano: lá, continuam todos com as mesmas idades que tinham em 1990.
O mesmo não acontece com a nossa “Família”. O vovô Floriano já morreu; seu neto Florianinho cresce diante dos nossos olhos. Se houver interesse do público e da emissora, “A Grande Família” pode transformar o tempo em seu aliado e permanecer indefinidamente no ar, com gerações se sucedendo naquela casa da zona norte carioca. Assunto é o que não falta.

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