24 de março de 2013

Rachel Sheherazade, a nova musa do conservadorismo brasileiro



Rachel Sheherazade
A jornalista Rachel Sheherazade é a mais nova representante do ‘colonismo’ (sim, ‘colonismo’) social do Brasil. Numa época de protestos contra Marco Feliciano, Silas Malafaia, Jair Bolsonaro e Marisa Lobo, o país passa a ver na ‘colonista’ uma nova musa, uma nova porta-voz para o conservadorismo. No comentário em suposta defesa da democracia e do pastor Marco Feliciano, veiculado na última quarta-feira (20 de março de 2013), ela se esquece de um dos principais valores do jornalismo moderno: a defesa dos direitos humanos.
Sheherazade não se aprofunda na questão e ‘esquece’ as declarações MISÓGINAS, HOMOFÓBICAS e RACISTAS que o deputado, ironicamente eleito presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, desferiu publicamente em diversas ocasiões. Desconsidera que os eleitores de Feliciano são, em grande parte, fiéis da igreja dele (o que não é muito difícil de se deduzir, levando-se em consideração o teor das declarações disparadas).
Segundo Sheherazade, “um homem não deve ser condenado por suas crenças e nem discriminado por causa delas”. Certamente ela não deve ter lido a declaração dada por Feliciano no livro ‘Religiões e política; uma análise da atuação dos parlamentares evangélicos sobre os direitos das mulheres e LGBTs no Brasil’, lançado em 2012, onde, na página 155, ele afirma: “Quando você estimula uma mulher a ter os mesmos direitos do homem, ela querendo trabalhar, a sua parcela como mãe começa a ficar anulada”. A jornalista é mãe de dois filhos.
O fato é que Sheherazade não combina com a linha editorial do SBT, sempre marcada pelo entretenimento liberal e pela diversidade. Ela não é unanimidade por lá. Prova disso é a informação publicada pelo renomado colunista do UOL Flávio Ricco, em uma de suas publicações no mês de fevereiro, dando conta de que há colegas que torcem para que Rachel diga alguma coisa que desagrade ao dono, Silvio Santos, e, assim, seja chamada à atenção.
Em dezembro de 2012, Sheherazade provocou uma saia justa na emissora. O ‘SBT Brasil’ exibiu reportagens sobre o caso das crianças retiradas dos pais na Bahia e adotadas por famílias em São Paulo. Ficou comprovado, segundo provas colhidas pelo SBT, que elas eram vítimas de maus-tratos. Sheherazade, por sua vez, afirmou que as crianças tinham que ficar com os pais em Monte Santo, discordando da própria reportagem de seu telejornal. Estranho…
Há 25 anos, Silvio Santos disparou um memorando para todo o departamento de jornalismo com vários tópicos que deveriam ser seguidos por todos profissionais da casa. Em um dos itens,  o dono da emissora define ‘Apartidarismo’ como um dos valores que deveriam ser pregados pelo SBT. “Nosso compromisso é com a informação correta e com o público: ele quer fatos documentados e não proselitismo; quer informação e não ideologização da notícia”.
Sheherazade já se mostrou conservadora nos comentários sobre a retirada de símbolos religiosos nas instituições públicas e nas cédulas do real e sobre a legalização do aborto (tema que, na minha visão, nenhum jornalista tem instrução suficiente para opinar) – além do célebre comentário contra o Carnaval, ainda quando trabalhava na TV Tambaú, da Paraíba, que lhe rendeu a vaga no novo ‘SBT Brasil’ ao lado de Joseval Peixoto.
Ainda no comentário sobre Feliciano, Sheherazade se esquece que existem acordos partidários e que nem sempre a democracia é exercida como deveria no Congresso Nacional. Sheherazade não deve saber que o livre direito de protestar contra opiniões também é democracia. Sheherazade fala o que a massa quer ouvir. Com comentários do tipo, Sheherazade presta um desserviço para o jornalismo e para o Brasil.
RD1

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