26 de março de 2013

Inabalável - Capítulo 14


Casa dos Guerra. 

Alicia: Obrigada Lena, agora eu acho que devo um pedido de desculpas para a minha família! - sorriu, desligando o aparelho celular. 

Desceu as escadas, caminhando até a cozinha. Antes de entrar observou eles, Laura estava ao lado de Luís e Kate do outro lado da mesa. Estavam em silêncio, a irmã parecia bastante abatida e tudo por sua culpa. Adentrou, chamando a atenção deles. 

Alicia: Eu preciso falar uma coisa pra vocês! - disse. Eles olharam para ela apreensivos. 



Laura: Ali, antes de qualquer coisa queria deixar bem claro que... - a menina interrompeu-a. 
Alicia: Deixa eu falar Laura, está bem? - a mulher assentiu. - Por toda a minha vida busquei algum motivo, quero dizer algo que me fizesse verdadeiramente feliz. Nunca encontrei porque nunca me senti completa. Quando você, - apontou pra mãe adotiva - foi até o orfanato me adotar, eu realmente pensei que depois daquilo seria apenas, felicidade! - sorriu fraco. - Não aconteceu, porque eu não vivi o que queria viver. Eu simplesmente, não consegui me adaptar a família de vocês..., eu não pude fazer meus sonhos realidade. - gesticulava emocionada. - 

Me vi perdida, no meio de tantas armadilhas, enfrequeci-me. Por várias e várias vezes quis apenas, voltar para o orfanato e esquecer que vocês existiram, - engoliu seco - me apaixonei pelo impossível, me senti um nada para o que hoje é tudo em minha vida, quebrei todas as alianças que um dia tive. Nova, tão nova e enfrentando um mundo que ela nem sabia como enfrentar - riu - era assim que sentia-me. Fui pra outro país e lá encontrei valores que, quem sabe, não encontrasse se ficasse aqui. Encontrei meu anjo da guarda e dias difíceis que se tornaram esseciais. Me encontrei, o que foi o mais importante, porque hoje eu tenho dentro de mim mais segurança, mais verdade. 

Kate: Desculpe, eu sei que se não fosse minhas birras estaria aqui ainda, me perdoe, por favor! - interrompeu a irmã, desesperada. 
Alicia: Calma, eu ainda não terminei! - exclamou. - Pois bem, a vida é feita de um turbilhão de emoções, sensações e situações que nos pegam de surpresa. Hoje, quando me disse que eu tenho uma família, que eu tive uma mãe... eu senti raiva, porque passei dezoito anos sem ninguém, sozinha. Parecia que era uma grande mentira e eu realmente queria pegar minhas coisas e sair mundo afora, sem precisar vê-los mais... eu queria ficar sozinha, como sempre fiquei! - falava com os olhos marejados. 

Luís: Ali, não precisa falar mais nada, nós já entendemos que não nos quer como família, está magoando á todos nós. - disse em um fio de voz. 
Alicia: Não, esperem! Não quero magoar vocês, está tudo bem, quero só terminar o que comecei. - acalmou-os - então, queria apenas que soubessem que nada, nada do que passou vai importar daqui para frente, eu sou uma nova Alicia mas agora bem, agora com mais alegria. Hoje tenho quase tudo o que quis, mamãe não volta mas eu tenho uma nova família. - os sorrisos iluminavam a cozinha, era dia de festa - Que nada mais possa nos separar, sou inteiramente grata ao que fizeram por mim, devo a vocês muito mais que imaginam, principalmente a você Kate, foi muito corajosa, muito sábia. Errou? Sim, muito, mas você também, acertou e como acertou!

Kate: Isso quer dizer que... 
Alicia: Isso quer dizer que eu amo vocês e que a apartir de agora as coisas vão estar no seu devido lugar! 

Um abraço coletivo, em família. Afinal, o que tem de mais importante que isto?  Afinal, pra que melhor que isto?

Apartamento Gisele. 

O interfone toca. 
Humberto: Sou eu, Huberto. 
Gisele: Pode subir! - ordenou. - Pronto Pedro, ele está vindo. - desdenhou. 
Pedro: Estava na hora já. - rolou os olhos impaciente. 
Humberto: Estou entrando. - riu, abrindo a porta. 
Pedro: Até que enfim, pensei que não fosse mais aparecer!

Humberto: Tive um contratempo, me perdoe. - respondeu paciente. 
Pedro: Trouxe o que te pedi? 
Humberto: É claro! - tirou da malete, algumas fotos. 
Pedro: E o resto? Os arquivos... - quis saber. 
Humberto: Estão com Gisele!  - respondeu. 

Gisele: Ah sim, já vou pegar! 
Pedro: Porque não me disse antes, que estava com os arquivos? - franziu o cenho. 
Gisele: Me esqueci, perdão. - desculpou-se. 
Humberto: Estive analisando estas fotos... Érica esteve gravida antes da viajem para o Canadá, porque aqui mostra ele barriguda já no país... - explicava. 

Pedro: óbvio, o marido não sabia disso, a temporada que foi deveria ser suficiente para que ganhasse neném e depois se explicaria, o casamento deles não vinha bem mesmo!
Humberto: Precisamos investigar detalhadamente as coisas por lá!
Pedro: Sim, Gisele vai para o Canadá ainda está semana, queria ir junto mas não poderei, estou com problemas de família... - disse irritado - gostaria que acompanhasse ela, se caso precisar de algo. 
Humberto: Será um prazer. - comemorou no seu interior. Estaria com a mulher que amava em outro país, era perfeito. 

Casa dos Lins. 

Eliza: Acorde Sophia, já é tarde! - afirmou. 
Sophia: Mamãe, deixe que eu durma, por favor! - resmungou. 
Eliza: Não, você já dormiu bastante. É domingo, vamos almoçar fora. 
Sophia: Está bem. - falou preguiçosa enquanto levantava. - Como estão as coisas na casa da família problema? - indagou debochada. 

Eliza: Não fale assim, além de amiga, Carol é sua madrinha, um pouco de respeito! - repreendeu a menina. 
Sophia: Ai mamãe, garanto que ela estava triste por causa do marido e você foi no meio da noite pra lá, nada importante... - supôs. 
Eliza: Ele bateu nela Sophia, cheguei lá e Carol estava desacordada. 
Sophia: Mas como assim? - pediu boquiaberta.
Eliza: Poisé, como sempre o seu egoísmo te faz cada vez mais mesquinha. Você acha que todos os problemas são supérfulos como o seu, mas não são! - exclamou brava. 

Casa dos Portmann.

Christopher: Você tem razão, acho que não devo ficar julgando minha mãe desta maneira, ela está precisando de mim não é? - o amigo assentiu. - Vou ficar com ela hoje, pode ir pra casa se quiser. - sugeriu. 
Lucas: Vou ir sim, quero ver como estão as coisas por lá, mamãe deve estar louca com a chata da Sophia atormentando ela o tempo todo! - riu. 

Christopher: É mesmo! Vá salvá-la cara. 
Lucas: Se cuide irmão, qualquer coisa grite. - despediu-se. 
Christopher: Pode deixar, obrigada por tudo!
Lucas: Agradeça Alicia, se não fosse ela eu não teria vindo. 

Christopher ficou pensativo por alguns instantes, levou o amigo até a porta e depois correu até o quarto da mãe. 
Carol: Não venha me dizer que quer brigar novamente! 
Christopher: Não mamãe, não quero brigar com você, não por enquanto. - riu. - Vim te dar um colinho, ficar com você!


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