
NO CAPÍTULO ANTERIOR...
Estrada –
Amanhecendo.
[Dentro da carroceria do caminhão,
Felipe começa a acordar, ele olha em volta e se assusta. Ele está cercado de
caixas, muitas caixas cheias de ossos.]
Felipe: O-oh! Me-meu Deus!
[Ele se assusta]
AGORA...
Estrada –
Amanhecendo.
[Felipe levanta vagarosamente,
espantado com a quantidade de ossos que vê.]
Felipe: Pra que alguém iria querer tanto
osso?
[Há uma tábua separando a
carroceria]
Felipe: Como vou sair daqui?
[Felipe empurra uma, duas, três
vezes até que consegue tombar a tábua. Do outro lado há várias caixas com
frutas.]
Felipe: Frutas? Mas... [Ele fica pensativo] Estou em um
caminhão de contrabando? Quem contrabandearia ossos?
[Felipe pega algumas
uvas e começa a comer, desconfiado]
Hospital Scott
L. – Amanhecendo.
[Antunes
estaciona o carro em frente ao hospital.]
Bruno: O
que viemos fazer aqui?
Antunes:
O que “eu” vim fazer aqui... Isso não é da sua conta!
[Ele pega a
arma da mão de Bruno.]
Antunes:
Você é mesmo bem mais burro que seu irmão. Seu eu tivesse deixado essa arma
durante cinco minutos com ele, ele causaria um regaço. Já você... Covarde.
[Antunes
sai do carro e tranca as portas, com os vidros fechados. Bruno fica observando
ele entrar no hospital.]
Estrada –
Amanhecendo.
[O dia já
está quase clareando. Do lado de dentro da carroceria do caminhão, Felipe tenta
abrir a porta.]
Felipe: Droga!
Como eles conseguem inventar uma geringonça tão difícil?!
[Ele se
afasta, pega um osso grande e começa a martelar a trava, até ela começar a
abaixar.]
Hospital Scott
L. – Amanhecendo.
[Zumira,
ainda meio sonolenta, levanta da cama. Esfrega as mãos nos olhos e vai em
direção a única janela do quarto. De onde está – segundo andar – ela vê Bruno
dentro do carro com o rosto encostado no vidro. Ela se assusta.]
Zumira: Bruno?
Filho? Ah, meu Deus! Eu não acredito!
[Ela tenta
abrir a janela, mas não consegue. Ela vai ate a porta do quarto, tenta abrir
mas está trancada por fora.]
Zumira:
Socorro! Alguém me tira daqui... Meu filho está vivo! Vivo!
[Ela escuta
alguém destrancando a porta. Ela fica calada. Antunes entra.]
Zumira:
Você?
Antunes:
Surpresa?!
Zumira:
O que você está fazendo aqui? Saia! Não quero te ver...
[Antunes da
um tapa no rosto dela]
Antunes:
Eu não perguntei se queria me ver. Aliás, eu acho que queria sim me ver, já que
fez aquela palhaçada novamente na TV.
Zumira:
Você mereceu... O que está fazendo com meu filho? Eu quero vê-lo!
Antunes:
Seu filho?
Zumira:
Não se faça de desentendido! O que meu filho está fazendo naquele carro lá
fora? Ou aquele carro não é seu?
[Antunes se
assusta maliciosamente]
Antunes:
Ah! Então o pivete é seu filho... Tal
mãe, tal filho.
Zumira:
Escuta aqui, se você triscar só um dedo no meu filho, eu juro que...
[Antunes
segura ela pelo queixo]
Antunes:
Jura o que hein!? Você não sabe como meu braço está coçando pra eu acabar com
essa sua cara.
[Zumira
escapa das mãos dele]
Zumira:
Então vem, vem cá! Está esperando o que? Racha a minha cara! Você não é o
cara?!
[Antunes dá
um soco fortíssimo no rosto dela, ela cai no chão. Ele sai do quarto e tranca a
porta novamente. Zumira levanta e tenta abrir a porta.]
Zumira:
Alguém me tira daqui! Por favor! Neide, cadê você?
[Ela vai
até a janela]
Zumira:
Bruno! Olha a mamãe aqui... Me ajuda!
[Ninguém a
escuta. Ela chora.]
Estrada –
Amanhecendo.
[Dentro do
caminhão, Felipe consegue destravar a porta, ele a abre com o caminhão ainda
andando. Ele vê Antônio em um carro, seguindo o caminhão, ele se assusta.
Antônio, em seu carro faz um sinal de revolver com a mão apontando para Felipe
e dá uma piscada com o olho. Felipe fecha a porta.]
Felipe:
Ah, meu Deus! E agora? Se ele me pegar de novo eu morro...
Hospital Scott
L. – Amanhecendo.
[Do lado de
fora, dentro do carro, Bruno conversa sozinho.]
Bruno: Se
eu achar alguma arma, eu posso conseguir sair daqui.
[Ele
procura sem cessar por uma arma. Ele olha para a janela do hospital e consegue
ver Zumira.]
Bruno: Mãe?
Você? [Ele começa a gritar mas ninguém o
escuta] Mãe! Me tira daqui! Eu estou aqui. Me ajudem! Mãe! Mãe!
[Ele dá
murros no vidro do carro tentando sair, mas em vão]
Hospital Scott
L. – Manhã - Diretoria.
[Antunes
entra na sala da diretoria do hospital e se surpreende ao ver que o diretor é
Salvatore]
Antunes: Ah!
Mas eu não acredito.
[Salvatore
se levanta e os dois se abraçam]
Salvatore:
Antunes, que bom te ver!
Antunes:
Digo o mesmo... Como o tempo voa, cara. Parece que foi ontem que éramos moleques
de rua e da mesma escola.
Salvatore:
Nem me diga! Mas, sente-se. Que bons ventos o trazem aqui?
[Os dois se
sentam]
Antunes:
Salvatore, eu juro por tudo que não sabia que iria te encontrar aqui.
Salvatore:
Eu pensei que já estivesse morto. Desde criança você gostava de brigas...
Antunes:
Lembra quando te joguei no caminhão de lixo por que a gente gostava da mesma
garota?
[Salvatore
ri]
Salvatore: Impossível
esquecer! E depois eu sai com a cara toda lambrecada no jornal da escola. [Os dois riem] O pior é que a garota
era feia, desdentada, os únicos dentes que tinha ainda eram com aparelho, e o
rosto não tinha um lugar que não havia espinha.
Antunes:
Bons tempos que não voltam mais... Nem acredito que você virou doutor.
Salvatore:
Não virei. Meu primo virou presidente da área da saúde do estado e conseguiu o
emprego aqui pra mim. Mas, mudando o assunto, veio visitar alguém aqui no
hospital?
Antunes:
Não, na verdade não. Eu preciso de um serviço seu. Um serviço, digamos que um
pouco sujo... Você vai ter que quebrar mais que um galho pra mim, vai ter que
quebrar a arvore inteira.
Salvatore:
Não estou entendendo.
Antunes:
Eu quero matar, matar mesmo, uma paciente sua.
[Salvatore se assusta]
O trabalho Doce Urbano de Sadrack Oliveira Alves foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada.
Cada Vez melhor!
ResponderExcluirÉrica