NO CAPÍTULO ANTERIOR...
Rua - Manhã.
[Felipe e
Bruno correm de cavalo e Antonio os segue, eles tentam despista-lo, até que
eles viram uma esquina onde não tem saída. Antonio para a caminhonete no meio,
impedindo a saída. Ele pega um
revólver no banco de trás da caminhonete e desce com um olhar malicioso.]
Antonio:
E agora? Quem vai querer encarar o titio aqui? Se correr, o bicho pega, e se
ficar... O bicho come!
AGORA...
Rua - Manhã.
[Felipe e
Bruno olham um para o outro, desesperados]
Felipe:
E agora Bruno?
Antonio:
E agora? Agora vocês descem dos cavalos e vêm com o titio Antonio. Quietinhos!
Sem dar bandeira!
Bruno:
Hum... Você acha mesmo que eu vou me entregar fácil assim?
[Bruno bate
no cavalo fazendo-o correr em direção à caminhonete. Antonio dá um tiro no
cavalo, ele cai e derruba Bruno, que grita]
Antonio: Achou
mesmo que esse cavalinho de circo iria pular a minha caminhonete? Nem morto!
Agora para de frescura e levanta daí, e você desce do cavalo. Quero dos dois na
caminhonete em dez segundos.
[Felipe
percebe que o irmão não está conseguindo se levantar, ele então desce do cavalo
e ajuda o irmão.]
Antonio: Ótimo!
É assim mesmo que eu gosto. Agora vamos parar de manha e entrem no carro. Quero
os dois no banco da frente, à minha vista, e nada de gracinha.
[Antonio
abre a porta e os dois entram, Bruno apoiado no ombro do irmão. Antonio rodeia
a caminhonete e entra]
Circo La
Mustafá - Manhã.
[Algumas
pessoas que trabalham no circo conversam entre si]
- E
agora? Vocês viram onde está o senhor Leôncio?
- Vi
ele entrando no depósito, onde a jaula estava.
- Mas
eu acabei de vir de lá, está apenas os destroços, a não ser que ele tenha
morrido queimado.
- E a
Giuliane?
- Aquela
lá eu tenho certeza que fugiu, não dava certo com o pai, aproveitou a deixa e
se mandou.
[Antunes se
aproxima]
Antunes:
É aí que vocês se enganam... Um dos homens, um faxineiro, avistou os dois assim
que o telhado veio abaixo.
- Meu
Deus! E agora? Como vamos sobreviver? Quem nos pagará?
Antunes:
Contratem um advogado, vocês vão precisar...
[Antonio
para a caminhonete ao lado de Antonio. Ele desce e os garotos continuam
dentro.]
Antunes:
Aonde você foi estrupício? Todo mundo preocupado com o fogo e você dando
voltinha?
Antonio:
Calma chefe.
Antunes:
Calma? O Leôncio e a filha dele morreram, e pra piorar a minha mercadoria
também, os dois garotos morreram!
Antonio:
E o que o senhor me diz disso aqui?
[Ele abre a
porta da caminhonete, Antunes vê os dois garotos e se assusta]
Antunes:
Que macumba boa da moléstia é essa que você fez homem?
Antonio:
Macumba coisa nenhuma, os dois aproveitaram que o povão tava correndo por causa
do fogo, pegaram dois cavalos e iam fugindo.
[Antunes
pega os dois pela olheira e os tiram do carro]
Antunes: Então
quer dizer que esses magrelos do capeta queriam fugir do tio Antão aqui?
[Antunes
acende um cigarro e coloca na boca] Bora
pro carro negada! Tá na hora de vocês conhecerem um novo mundo.
Antonio:
O senhor não vai pagar ninguém não?
Antunes:
Pra que? Se o vendedor já virou defunto!
[Ele ri
alto e coloca Felipe e Bruno dentro da caminhonete. Ele e Antonio entram.
Quando vão saindo, Felipe fixa o olhar no circo, como despedida, uma lágrima
corre sobre seu rosto]
Hospital Scott
L. – Quarto de Zumira - Tarde.
[Zumira, já
acordada, conversa com Neide]
Neide:
Que bom que você já está melhor amiga, por um instante pensei que fosse te
perder.
Zumira:
Eu também... Foi tudo tão rápido. Alem do mais, eu lhe devo desculpas Neide,
fui grossa com você, amigas não fazem isso.
Neide:
Tudo bem, você ainda está passando por uma fase difícil.
[As duas
seguram as mãos]
Neide:
Você consegue recordar quem fez isso com você Zumira?
[Zumira
fica trêmula]
Zumira:
Não! Eu não! Lógico que não! Por que lembraria? Foi tudo muito rápido...
Neide:
Tem certeza?
Zumira:
Sim...
Neide:
E quando você fez aquele escândalo na TV, e disse que se prostitui para um
velho. Quem é esse velho?
[O médico
entra no quarto e interrompe]
Médico:
Com licença. E então Zumira, como está?
Zumira:
Bem melhor doutor, obrigada.
Médico:
Bom, mesmo que o hospital seja particular e a comida seja uma das melhores, não
aconselho a dona Zumira a comer. O mais aconselhável seria uma sopa bem feita
de verduras, com bastante verdura mesmo.
Zumira:
Bom doutor, eu não tenho dinheiro aqui e nem condições para prepará-la.
Neide:
Tudo bem Zumira, eu vou ver o que posso fazer por você.
Supermercado
Grande Feira –Tarde.
[Neide
entra no supermercado, pega uma cesta e começa a escolher algumas verduras. Ela
chega à sessão de cosméticos, percebe que ninguém está olhando e coloca um
perfume no bolso. Ela vai em direção ao caixa.]
Atendente:
Boa tarde.
Neide:
Boa tarde.
Atendente:
A senhora tem nota ou vai pagar à vista?
Neide:
Vou pagar a vista mesmo.
[A
funcionária começa a calcular o preço]
Atendente:
Deu vinte cruzados, mais o perfume que a senhora colocou no bolso, deu o total
de duzentos cruzados?
Neide:
O que? Perfume? Que perfume moça?
Atendente:
Nossas câmeras registraram o momento em que a senhora colocou o perfume no
bolso do vestido.
[Ela fica
envergonhada]
Neide:
Ai meu Deus! Como eu tenho a cabeça voada. A senhora me desculpe, eu tenho essa
mania de pegar as coisas sem ver e guardar.
[Ela retira
o perfume do bolso e coloca sobe o balcão]
Neide:
Eu vou levar só as verduras mesmo.
[Todos do
supermercado olham para ela, que fica envergonhada]
Sitio de
Antunes – Chegada - Tarde.
[Antunes,
Antonio, Felipe e Bruno chegam até o sitio onde Antunes mantem crianças presas
em treinamento. O sitio é cercado por um milharal já seco, cuja função é tampar
a vista de um enorme casarão com muitos cômodos.]
Antunes: E
então garotos? O que acharam da paisagem? Sejam bem-vindos ao seu novo lar.
Doce lar!
O trabalho Doce Urbano de Sadrack Oliveira Alves foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário