Diretor-geral de Balacobaco, Edson Spinello se defende das insinuações de que a próxima novela da Record se inspira em Avenida Brasil e Cheias de Charme, da Globo, por ser uma trama assumidamente popular, como a primeira, e colorida, como a segunda.
"O público CDE sempre foi nosso [da Record], nós sempre cuidamos dele. A Globo agora o descobriu e diz que é invenção dela", disse ontem, na apresentação deBalacobaco à imprensa, no Recnov, complexo de estúdios da Record, no Rio. A novela estreia no próximo dia 2, por volta das 22h.
Ao falar das classes C, D e E, Spinello se referia, só para citar alguns casos, a novelas como Vidas Opostas, de 2006/2007, primeira ambientada em um morro, e a Amor e Intrigas (2007) e aBela, a Feia (2009/10), que, assim comoBalacobaco, foram escritas por Gisele Joras e dirigidas por ele.
O diretor não escondeu a irritação ao ser questionado por jornalistas sobre a semelhança do personagem Patrick Pimenta (Thierry Figueira), deBalacobaco, e Crô (Marcelo Serrado), deFina Estampa (2011/12).
Aspirante a apresentador de TV, Patrick usa óculos com armação grande colorida e gravata borboleta, assim como Crô.
Segundo Spinello, só o figurino é parecido. E o visual de Crô não é novidade. A Globo o copiou, aponta o diretor, do personagem Marc St. James (Michael Urie), da série americana Ugly Betty(2006/2010), da mesma franquia de Bela, a Feia —ambas são versões da colombiana Yo Soy Betty, La Fea.
Thierry Figueira ressalta uma diferença importante entre seu personagem e o de Serrado. "Ele [Patrick] é um gay moderno, não tem muita verba, mas é linha de interpretação é mais suave", diz.
Spinello também contesta a primazia da Globo em novelas coloridas. Lembra que Bela, a Feia, já tinha essa estética. E que o tecnobrega, subgênero musical hoje em voga em Cheias de Charme, já fazia parte da trilha sonora de Bela.
A trilha sonora de Balacobaco, aliás, é toda montada no brega dançante. Tem Amado Batista e Kalypso, entre outros.
Kitsch Almodóvar
Os cenários e figurinos de Balacobaco abusam das cores fortes, como o vermelho, e gritantes, como o amarelo.
A inspiração, de acordo com Spinello, vem dos filmes do cineasta espanhol Pedro Almodóvar (Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos, Tudo Sobre sua Mãe, Fale com Ela, A Pele que Habito).
"Na novela, tem o popular com um lado mais artístico, tem a latinidade, o lado kitsch dos filmes do Almodóvar", afirma.
Outro aspecto característico da obra do espanhol, o melodrama, também está presente, mas dividindo espaço com a comédia.
"Acho que a novela está bem balanceada. Tem certos momentos em que a comédia sobressai; em outros, o melodrama", defende a autora, Gisele Joras.
"O tema central da novela é o reencontro entre a protagonista Isabel [Juliana Silveira] com as gêmeas bivitelinas Dóris [Roberta Gualda] e Diva [Bárbara Borges]. Elas culpam Isabel por um acidente que as levou a passar anos numa detenção para menores", conta Gisele.
Do acidente, uma tentativa de roubo de um carro frustrada pela mocinha, as vilãs guardam duas cicatrizes absurdas em suas barrigas. Uma tem um ponto de exclamação. A outra, um ponto de interrogação.
O núcleo das gêmeas está mais para a comédia e o kitsch de Almodóvar. Já o de Isabel, para o melodrama.
Merecem destaque ainda, na cota cômica, os personagens de Solange Couto (Cremilda) e Silvio Guindane (Zé Maria).
Ela se passa por vidente e, com ele, pede dinheiro nas ruas se passando por cega e doente.
Ele é um cineasta equivocado, que, com Dóris, realiza uma webnovela, SOS Paquetá, que antecipa acontecimentos da vida de Isabel — o que faz de Balacobaco, na definição de Gisele Joras, um "melodrama satírico", com um registro metalinguístico.
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