Escravos de Jó jogavam caxangá, tira, bota, deixa o Zé Pereira ficar. Guerreiros com guerreiros fazem zigue zigue zá. Oito dias após promover mudanças repentinas na programação dominical do SBT, Silvio Santos voltou atrás com a mesma velocidade que o fez tomar as decisões.
Inicialmente, o artigo não tomaria esse rumo, mas tendo em vista as novas mudanças, com a programação antiga voltando no próximo domingo, 08, fui obrigado a deixar minhas indagações sobre práticas masoquistas e auto-flagelação de lado, mas enfim, vamos ao que interessa.
Ao voltar atrás, o SBT apenas admite que errou novamente. O que não chega a ser novidade. Nos últimos tempos, a emissora tem praticado com louvor a modalidade de meter os pés pelas mãos, salve pouquíssimas exceções, como “Eliana”, “Carrossel” e “Chiquititas”.
Qualquer profissional da área ou apreciador da mesma teria a noção de que encurtar o “Domingo Legal” e alterar o horário do “Eliana” e do “Programa Silvio Santos” acarretaria numa hecatombe. E não precisaria ser profeta, muito menos dono de um baú para chegar a esta conclusão. Celso Portiolli, bom moço e excelente profissional, não merecia tal tratamento por parte do canal. Nem Roberto Cabrini o constrangimento de ficar em quarto lugar.
Ironicamente, as mudanças afetaram apenas Silvio Santos, que perdeu para Rodrigo Faro e continuou sendo superado pelo “Domingo Espetacular”. Seria uma resposta do público? Silvio entendeu desta forma, tanto que voltou atrás como quem oscila de humor numa segunda-feira.
Seria necessário ainda que SS fizesse um exame de consciência e analisasse as últimas alterações anunciadas, como o fim do “Casos de Família” e “SBT Repórter”; a volta equivocada de “Carrossel”; a redução do tempo de arte do “Programa do Ratinho”; o retorno de “Rebelde” em horário inapropriado; o excesso de enlatados na grade; e a suicida estratégia de trocar produção própria por reprises.
Admitir também esses erros seria nobre de sua parte, Silvio. O senhor é um gênio. Com toda minha petulância que não cabe em palavras, peço-te: deixe o comitê artístico responder pelas decisões do SBT. Mesmo que Daniele Beyruti, Fernando Pelégio e Murilo Fraga também errem às vezes, é necessário dar uma chance a eles. Entendo o quão é difícil desapegar de um brinquedo em benefício do outro, mas é preciso entender que o SBT não é seu brinquedinho, Silvio. É sua empresa, seu sonho construído. Profissionais dependem dela. Artistas apostam suas carreiras por ela. E telespectadores entram, saem e compartilham à medida que se sentem à vontade.
Os resultados de audiência deste domingo são muito mais que números. É uma resposta precisa dos telespectadores do SBT a seus executivos e, principalmente, a seu dono.
Rd1
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