
Christopher: Mas, e agora o que eu faço? – pediu nervoso.
Laura: Creio que deveria ir para a delegacia. Assim receberá
as primeiras instruções... – ele interrompeu-a.
Christopher: Mas eu preciso de um advogado! – exclamou.
Laura: Vá indo, que vou ligar para um amigo que Luiz tem
aqui. – tentou acalmá-lo. O menino correu para a delegacia.
Fábio: Então você é o tão famoso Christopher? – o delegado
pediu, Chris confirmou. – Até que enfim poderemos concluir esse caso.
Christopher: Até que enfim? Pensei que tudo isso era
recente. – franziu o cenho.
Fábio: O seu envolvimento é recente. – explicou sucinto. –
Procurávamos por Pedro e sua ‘’gangue’’, faz tempo já!
Christopher: Primeiro queria dizer lhe que eu não queria
atirar nele, já que apesar de tudo é meu pai, mas, ele atirou em Alicia e... –
o delegado interrompeu-o.
Fábio: Eu já sei de toda essa história, não precisa me
explicar novamente. Chamei-te por que você terá de prestar esclarecimentos, não
só sobre isso, mas também outros assuntos que envolviam ele. Dependendo do que
acontecer você irá a julgamento. – o menino desesperou-se.
Christopher: Mas, isso é uma injustiça. Foi por legítima
defesa! – defendeu-se.
Fábio: Eu sei disso, só que como o tiro era em outra pessoa,
a legítima defesa camufla-se.
Christopher: Só falta me dizer, que serei preso. – arregalou
os olhos, assustado.
Fábio: Isso já não depende de mim.
No IML, a mulher descrente de ver o corpo de seu marido ali,
jogado chorava.
Enfermeira: Eu sinto muito!
Carol: Posso fazer o enterro dele?
Enfermeira: Só estávamos esperando algum membro da família
ver reconhecer o corpo para liberá-lo. Está tudo nos conformes, agora você faz
o que quiser!
Carol: Está bem. Quero cremá-lo! – exclamou.
Enfermeira: Temos crematório no hospital aqui do lado, se
você tiver dinheiro suficiente... – a mulher interrompeu-a.
Carol: Não se preocupe com dinheiro, este eu tenho. –
marcaram a cremação para aquela noite. Ás horas foram passando, até que o
momento final chegou.
Era a hora da despedida!
As cinzas do homem foram colocadas em um recipiente e
entregues para a mulher. Ela balbuciou um ‘’muito
obrigada’’ e saiu dali.
Carol: Como você um dia me disse: ‘’ Se morrer que meus pedaços sejam jogados no mar, único lugar em que
o barulho das ondas é a paz do homem ‘’. Hoje, realmente não sei se pensava
assim, mas farei o que sempre quis.
O táxi levou-a até a praia que tinha ali perto. Ela
desembarcou caminhando até a areia, tirou os sapatos e sentiu aqueles grãos
quase entrando por seus poros. Adorou a sensação da água. Aquela água sagrado
do mar tocando os seus pés. Abriu o recipiente e em punhados lançou a cinza ao
vento.
Carol: Vá meu amor, vá em paz. Me lembrarei da alma pura que
pensei que tivesse. Me lembrarei daquilo
que me disseste de bom. Não guardarei rancor para com você, a muita gente
fazendo isso. Vá meu amor, tranquilize sua alma nesse mar que tanto amor. Vá e
seja feliz. Espero que Deus te perdoe, para que assim você veja como a paz é o
melhor remédio e que guerras não levam a nada. – Ajoelhou-se apreensiva.
Esmoreceu. O recipiente caiu, já não tinha mais nenhuma parte física dele, a
não ser o que sobrara de suas lembranças.
Hospital, Dallas.
‘’Vamos carreguem o
corpo com cuidado’’. O doutor orientava. Alicia era levada através de uma
maca para o jatinho que esperava-a. Iria de volta para sua terra, para sua
casa, mesmo sem saber ou sentir.
Laura: E você Chris, vai ficar por aqui, mesmo? – pediu pela
milésima vez.
Christopher: Infelizmente não tenho o que fazer, afinal,
tenho que me acertar com a justiça, apesar de não achar isso justo.
Luiz: Mas, ficar sozinho aqui não é uma boa ideia. Pelo
menos eu não acho. – opinou.
Christopher: Mas também não posso sair daqui. Vou fazer tudo
certo para que não vire contra mim. – disse com a voz embargada. – Minha mãe
está aqui, disse que mais tarde virá falar comigo. Será tão difícil olhar nos
olhos dela e explicar tudo o que aconteceu. – lamentou.
Laura: Creia que dará tudo certo. Não adianta se culpar ou
pressionar-se, apenas te fará mal!
Christopher: Cuidem bem dela e qualquer movimento, qualquer
coisa de diferente que acontecer me avisem! – mudou de assunto, encerrando a
conversa.
Despediram-se, ele olhava fixamente para o jatinho que no céu
desaparecia. Queria estar lá com Alicia, mesmo que só para segurar sua mão, mas
fazer o quê? Afinal, nem tudo é como nós queremos. Quando por fim viu-se
sozinho, seguiu para o hotel e ligou para Carol dando o endereço que ela tanto
queria. Tempo depois a mulher foi ao seu encontro.
Carol: Finalmente, Christopher! – encarava-o com certo
receio. Receio por saber tudo aquilo que o filho havia feito.
Christopher: Entre! – deu passagem para ela.
Carol: Vamos, pode começar a falar! – exclamou.
Christopher: Você já sabe tudo o que aconteceu, eu não tenho
muito para explicar. A não ser o fato que terei de prestar esclarecimento e
tudo por culpa daquele idiota que você chamou por tantos anos de marido. –
rolou os olhos, irritado.
Carol: Não fale assim, ele sempre foi e sempre será o seu
pai! – disse entre dentes.
Christopher: Eu sei disso e realmente, lamento. – desdenhou.
– Só queria te pedir perdão, não queria te fazer sofrer. Se ele não tivesse
atacado Alicia, não teria feito nada disso. – explicou-se cauteloso.
Carol: Fez tudo isso por ela mesmo?
Christopher: Sim! E de verdade? Faria novamente. –
encarou-a.
Carol: E agora que essa merda toda já está feita, como vai
se escapar da justiça? – arqueou a sobrancelha autoritária.
Christopher: Falando a verdade. Afinal, não tenho no que
mentir. Doutor Glaúcio, meu advogado estava dizendo que o fato de Alicia estar
entre a vida e a morte ameniza quase oitenta por cento de chances de eu ser
preso. Precisava salvá-la, mas no momento em que a vi ali, jorrando sangue, foi
a única maneira que achei pra lidar com isso. Matando-o também.
Carol: Boa sorte! – levantou-se.
Christopher: Já vai? Sem falar nada? Sem nem ao menos pedir
como estou?
Carol: Vejo que está muito bem e o que tenho á falar? Que
você é igualzinho ao homem que tanto odeia? Não que estejas errado, mas é muita
falta de caráter fazer o que fez... Que as coisas, deem certo para você. Eu
estou indo de volta para o meu cantinho, para a minha fazenda! – não o beijou,
nem demonstrou qualquer tipo de afeto, apenas saiu dali, deixando-o totalmente
triste e frustrado.
Brasil, Casa dos
Lins.
Henrique: Sophia, preciso falar com você! – exclamou com
cautela.
Sophia: Diga meu amor. – falou dengosa.
Henrique: Você sabe da história do pai de Christopher ter
uma amante? – ela assentiu. – Eu não sei como te falar isso, mas enfim, ela é
minha mãe!
Sophia: O quê? – exclamou assustada.
Henrique: Eu sinto muito. Também soube algum tempo atrás,
ainda não estávamos juntos. Te peço perdão, realmente não pensei que seriam capaz
de fazer tamanha crueldade com Alicia.
Sophia: Mas, se ele é seu pai. Você sabia o que iria
acontecer... – ele a interrompeu.
Henrique: Não meu amor, eu não sabia. Só soube de tudo isso,
porque Gisele, minha mãe, ligou para que eu ajudasse ela! – explicava com certa
dificuldade.
Sophia: E você ajudou? Vai ajudar? – perguntava.
Henrique: Não!
Sophia: Porquê não? Ela é sua mãe!
Henrique: Porque eu amo você e não ela. Porque eu respeito
você, respeito seu sofrimento por causa de sua amiga. Porque eu não quero ser
igual a ela e tenho vergonha por ela ser assim. Porque eu quero e vou fazer
justiça.
DOIS MESES DEPOIS.
Jhon: Diana, meu amor... vejo que sua barriga já está
crescendo. É uma emoção tão grande! – sorria abobado. Eles estavam deitados,
vendo a lua.
Diana: É, e as dores também. – riu.
Jhon: Pequena, eu queria te pedir uma coisa, mas não quero
que fique brava. Só responde sim ou não está bem? – ela assentiu. – Você
aceitaria se casar comigo? É que eu não tenho mais dúvidas de que quero você do
meu lado.
Diana: É claro que quero meu amor, mas só com uma condição.
– ele franziu o cenho.
Jhon: Quê é?
Diana: Que me traga jaca e chocolate. Estou com vontade,
muita vontade.
Jhon: Que nojo! – fez careta.
Diana: Por favor, Jhon, se não nosso bebê vai nascer com
cara de jaca marrom. – fez bico.
O menino saiu de lá correndo. Precisava achar algum lugar
que tivesse jaca. Até que lembrou de um homem, amigo de seu tio que vendia
jaca. Pegou o carro e foi até a casa do homem. Depois de meia hora conseguiu
comprar a tão sonhada jaca da namorada. Então foi até um shopping e comprou
chocolates, levando para ela ligeiramente.
Ela lambuzava-se de tanto que comia. Nunca a vira tão feliz
comendo, como naquele dia. Mas, combinemos, que bizarro era este desejo.
Diana: Quer um pouquinho? – pediu para ele que riu, negando.
– Hum, está uma delícia. Agora sim, podemos nos casar. – selou seus lábios com
fervor.
Estados Unidos,
Dallas.
No hotel o menino esperava o dia de seu julgamento final,
que seria no próximo dia. A cada dia que passava mais sentia-se morto. Alicia
não dava sinal de vida e ele estava começando a se desesperar pela tão dolorida
espera que estava tendo.
‘’ Chegou a hora do
seu julgamento final. Mas, não se preocupe, se ele não for tão justo assim,
esse é o menos importante. Afinal, o julgamento feito pelos homens, não é nada
perto do de Deus. ‘’
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