29 de abril de 2013

Inabalável - Capítulo 39



Christopher: Mas, e agora o que eu faço? – pediu nervoso.
Laura: Creio que deveria ir para a delegacia. Assim receberá as primeiras instruções... – ele interrompeu-a.
Christopher: Mas eu preciso de um advogado! – exclamou.
Laura: Vá indo, que vou ligar para um amigo que Luiz tem aqui. – tentou acalmá-lo. O menino correu para a delegacia.

Fábio: Então você é o tão famoso Christopher? – o delegado pediu, Chris confirmou. – Até que enfim poderemos concluir esse caso.
Christopher: Até que enfim? Pensei que tudo isso era recente. – franziu o cenho.
Fábio: O seu envolvimento é recente. – explicou sucinto. – Procurávamos por Pedro e sua ‘’gangue’’, faz tempo já!
Christopher: Primeiro queria dizer lhe que eu não queria atirar nele, já que apesar de tudo é meu pai, mas, ele atirou em Alicia e... – o delegado interrompeu-o.

Fábio: Eu já sei de toda essa história, não precisa me explicar novamente. Chamei-te por que você terá de prestar esclarecimentos, não só sobre isso, mas também outros assuntos que envolviam ele. Dependendo do que acontecer você irá a julgamento. – o menino desesperou-se.
Christopher: Mas, isso é uma injustiça. Foi por legítima defesa! – defendeu-se.
Fábio: Eu sei disso, só que como o tiro era em outra pessoa, a legítima defesa camufla-se.

Christopher: Só falta me dizer, que serei preso. – arregalou os olhos, assustado.
Fábio: Isso já não depende de mim.

No IML, a mulher descrente de ver o corpo de seu marido ali, jogado chorava.
Enfermeira: Eu sinto muito! 
Carol: Posso fazer o enterro dele?

Enfermeira: Só estávamos esperando algum membro da família ver reconhecer o corpo para liberá-lo. Está tudo nos conformes, agora você faz o que quiser!
Carol: Está bem. Quero cremá-lo! – exclamou.
Enfermeira: Temos crematório no hospital aqui do lado, se você tiver dinheiro suficiente... – a mulher interrompeu-a.

Carol: Não se preocupe com dinheiro, este eu tenho. – marcaram a cremação para aquela noite. Ás horas foram passando, até que o momento final chegou.
Era a hora da despedida!

As cinzas do homem foram colocadas em um recipiente e entregues para a mulher. Ela balbuciou um ‘’muito obrigada’’ e saiu dali.

Carol: Como você um dia me disse: ‘’ Se morrer que meus pedaços sejam jogados no mar, único lugar em que o barulho das ondas é a paz do homem ‘’. Hoje, realmente não sei se pensava assim, mas farei o que sempre quis.

O táxi levou-a até a praia que tinha ali perto. Ela desembarcou caminhando até a areia, tirou os sapatos e sentiu aqueles grãos quase entrando por seus poros. Adorou a sensação da água. Aquela água sagrado do mar tocando os seus pés. Abriu o recipiente e em punhados lançou a cinza ao vento.

Carol: Vá meu amor, vá em paz. Me lembrarei da alma pura que pensei que tivesse. Me lembrarei  daquilo que me disseste de bom. Não guardarei rancor para com você, a muita gente fazendo isso. Vá meu amor, tranquilize sua alma nesse mar que tanto amor. Vá e seja feliz. Espero que Deus te perdoe, para que assim você veja como a paz é o melhor remédio e que guerras não levam a nada. – Ajoelhou-se apreensiva. Esmoreceu. O recipiente caiu, já não tinha mais nenhuma parte física dele, a não ser o que sobrara de suas lembranças.

Hospital, Dallas.

‘’Vamos carreguem o corpo com cuidado’’. O doutor orientava. Alicia era levada através de uma maca para o jatinho que esperava-a. Iria de volta para sua terra, para sua casa, mesmo sem saber ou sentir.

Laura: E você Chris, vai ficar por aqui, mesmo? – pediu pela milésima vez.
Christopher: Infelizmente não tenho o que fazer, afinal, tenho que me acertar com a justiça, apesar de não achar isso justo.
Luiz: Mas, ficar sozinho aqui não é uma boa ideia. Pelo menos eu não acho. – opinou.

Christopher: Mas também não posso sair daqui. Vou fazer tudo certo para que não vire contra mim. – disse com a voz embargada. – Minha mãe está aqui, disse que mais tarde virá falar comigo. Será tão difícil olhar nos olhos dela e explicar tudo o que aconteceu. – lamentou.
Laura: Creia que dará tudo certo. Não adianta se culpar ou pressionar-se, apenas te fará mal!
Christopher: Cuidem bem dela e qualquer movimento, qualquer coisa de diferente que acontecer me avisem! – mudou de assunto, encerrando a conversa.

Despediram-se, ele olhava fixamente para o jatinho que no céu desaparecia. Queria estar lá com Alicia, mesmo que só para segurar sua mão, mas fazer o quê? Afinal, nem tudo é como nós queremos. Quando por fim viu-se sozinho, seguiu para o hotel e ligou para Carol dando o endereço que ela tanto queria. Tempo depois a mulher foi ao seu encontro.

Carol: Finalmente, Christopher! – encarava-o com certo receio. Receio por saber tudo aquilo que o filho havia feito.
Christopher: Entre! – deu passagem para ela.
Carol: Vamos, pode começar a falar! – exclamou.

Christopher: Você já sabe tudo o que aconteceu, eu não tenho muito para explicar. A não ser o fato que terei de prestar esclarecimento e tudo por culpa daquele idiota que você chamou por tantos anos de marido. – rolou os olhos, irritado.
Carol: Não fale assim, ele sempre foi e sempre será o seu pai! – disse entre dentes.

Christopher: Eu sei disso e realmente, lamento. – desdenhou. – Só queria te pedir perdão, não queria te fazer sofrer. Se ele não tivesse atacado Alicia, não teria feito nada disso. – explicou-se cauteloso.
Carol: Fez tudo isso por ela mesmo?

Christopher: Sim! E de verdade? Faria novamente. – encarou-a.
Carol: E agora que essa merda toda já está feita, como vai se escapar da justiça? – arqueou a sobrancelha autoritária.

Christopher: Falando a verdade. Afinal, não tenho no que mentir. Doutor Glaúcio, meu advogado estava dizendo que o fato de Alicia estar entre a vida e a morte ameniza quase oitenta por cento de chances de eu ser preso. Precisava salvá-la, mas no momento em que a vi ali, jorrando sangue, foi a única maneira que achei pra lidar com isso. Matando-o também.

Carol: Boa sorte! – levantou-se.
Christopher: Já vai? Sem falar nada? Sem nem ao menos pedir como estou?

Carol: Vejo que está muito bem e o que tenho á falar? Que você é igualzinho ao homem que tanto odeia? Não que estejas errado, mas é muita falta de caráter fazer o que fez... Que as coisas, deem certo para você. Eu estou indo de volta para o meu cantinho, para a minha fazenda! – não o beijou, nem demonstrou qualquer tipo de afeto, apenas saiu dali, deixando-o totalmente triste e frustrado.

Brasil, Casa dos Lins.

Henrique: Sophia, preciso falar com você! – exclamou com cautela.
Sophia: Diga meu amor. – falou dengosa.

Henrique: Você sabe da história do pai de Christopher ter uma amante? – ela assentiu. – Eu não sei como te falar isso, mas enfim, ela é minha mãe!
Sophia: O quê? – exclamou assustada.
Henrique: Eu sinto muito. Também soube algum tempo atrás, ainda não estávamos juntos. Te peço perdão, realmente não pensei que seriam capaz de fazer tamanha crueldade com Alicia.

Sophia: Mas, se ele é seu pai. Você sabia o que iria acontecer... – ele a interrompeu.
Henrique: Não meu amor, eu não sabia. Só soube de tudo isso, porque Gisele, minha mãe, ligou para que eu ajudasse ela! – explicava com certa dificuldade.
Sophia: E você ajudou? Vai ajudar? – perguntava.
Henrique: Não!

Sophia: Porquê não? Ela é sua mãe!
Henrique: Porque eu amo você e não ela. Porque eu respeito você, respeito seu sofrimento por causa de sua amiga. Porque eu não quero ser igual a ela e tenho vergonha por ela ser assim. Porque eu quero e vou fazer justiça.

DOIS MESES DEPOIS.

Jhon: Diana, meu amor... vejo que sua barriga já está crescendo. É uma emoção tão grande! – sorria abobado. Eles estavam deitados, vendo a lua.
Diana: É, e as dores também. – riu.

Jhon: Pequena, eu queria te pedir uma coisa, mas não quero que fique brava. Só responde sim ou não está bem? – ela assentiu. – Você aceitaria se casar comigo? É que eu não tenho mais dúvidas de que quero você do meu lado.
Diana: É claro que quero meu amor, mas só com uma condição. – ele franziu o cenho.
Jhon: Quê é?

Diana: Que me traga jaca e chocolate. Estou com vontade, muita vontade.
Jhon: Que nojo! – fez careta.
Diana: Por favor, Jhon, se não nosso bebê vai nascer com cara de jaca marrom. – fez bico.

O menino saiu de lá correndo. Precisava achar algum lugar que tivesse jaca. Até que lembrou de um homem, amigo de seu tio que vendia jaca. Pegou o carro e foi até a casa do homem. Depois de meia hora conseguiu comprar a tão sonhada jaca da namorada. Então foi até um shopping e comprou chocolates, levando para ela ligeiramente.

Ela lambuzava-se de tanto que comia. Nunca a vira tão feliz comendo, como naquele dia. Mas, combinemos, que bizarro era este desejo.
Diana: Quer um pouquinho? – pediu para ele que riu, negando. – Hum, está uma delícia. Agora sim, podemos nos casar. – selou seus lábios com fervor.

Estados Unidos, Dallas.

No hotel o menino esperava o dia de seu julgamento final, que seria no próximo dia. A cada dia que passava mais sentia-se morto. Alicia não dava sinal de vida e ele estava começando a se desesperar pela tão dolorida espera que estava tendo.

‘’ Chegou a hora do seu julgamento final. Mas, não se preocupe, se ele não for tão justo assim, esse é o menos importante. Afinal, o julgamento feito pelos homens, não é nada perto do de Deus. ‘’

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