5 de fevereiro de 2013

Capítulo 8 - Doce Urbano



 

NO CAPÍTULO ANTERIOR...
Rio de Janeiro  – Rua – Manhã.
Antunes: Que tal se eu te oferecer uma boa gorjeta? [Ele faz uma pausa] Vamos afogar o ganso.
Zumira: Não entendi. Como disse?
Antunes: Te ofereço trezentos cruzados para que você entre nesse carro agora e vá direto ao motel comigo. E então, topa? É pegar ou largar.

AGORA...
Rio de Janeiro  – Rua – Manhã.
[Zumira fica sem palavras diante da proposta de Antunes]
Antunes: E então? O que me diz? Aceita ou não?
[Rola uma lágrima sobre a face do rosto de Zumira. Antunes começa a ficar impaciente.]
Antunes: Anda minha filha! Decide! Vai ou não?
[Zumira passa a mão sobre os olhos, enxugando a lágrima]
Zumira: Tudo bem... Eu aceito...
Antunes: Ótimo! É assim que se diz...
[Ela joga os panfletos do supermercado no chão e entra no carro]


Rio de Janeiro  – Rua – Manhã.
[Felipe e Bruno caminham em uma rua fechada, cercada de bares, pessoas fumando, mulheres se prostituindo em plena luz do dia]
Felipe: Bruno, você tem certeza que estamos indo pelo caminho certo? Não acho que a mãe viria para cá...
Bruno: Eu não sei Felipe, nunca vim aqui antes.
[Em uma casa com um corredor pequeno, um casal se beijam, um deles conversa com Felipe e Bruno]
Vick: Ei! Psiu! Garotos!
[Eles olham]
Vick: Vem aqui vem? Tenho um presente para vocês e tenho certeza que não vão se arrepender.
[Felipe vai indo em direção a eles quando Bruno o puxa pela mão]
Bruno: Enlouqueceu Felipe? Não confie nessas pessoas.
Felipe: Por que Bruno? Você nem os conhece...
Bruno: Deixa de ser otário. Vem comigo!
[Os dois seguem caminhando]

Aterro Tenente Baronel
Casa de Zumira e Aristides – Manhã.
[Aristides está bêbado e percebe que sua pinga acabou]
Aristides: Desgraça de pinga que nem pra durar... Desgraçada dos infernos!
[Ele joga a garrafa no chão]
Aristides: Zumira, Zumira! Se eu te pego, eu te envergo sua vadia! Não me deixe por a mão em você, por que eu juro que eu não solto até te matar.
[Alguém bate palma do lado de fora]
Aristides: Quem é o desgraçado que tá fazendo essa zona na porta da minha casa? Não vê que o cabaré é na próxima rua?
[Ele ri alto e levanta cambaleando, meio zonzo. Ele sai do lado de fora e Miriã – uma mulher conhecida no aterro por se prostituir – é quem está chamando.]
Aristides: O que você quer? Se veio atrás da Zumira pode dar meia volta... Aquela preta vagabunda não está em casa.
Miriã: Eu não vim atrás dela... Na verdade, eu vim te procurar.
Aristides: Tô devendo algo pra você?
[Ela coloca a mão na boca dele, fazendo sinal para ele calar]
Miriã: Não! Lógico que não... Imagina... Não quer se divertir um pouco não?
[Ele tira a mão dela da boca]
Aristides: Divertir? Eu não sou mais criança Miriã.
Miriã: E quem falou em brincar? Eu estou disposta a fazer um precinho especial pra você. Só pra você. Mais ninguém! [Ela começa a levantar a saia] Vai desperdiçar um conteúdo desses?
[Aristides se surpreende]
Aristides: Tá falando sério neguinha?
Miriã: E porque não estaria?
Aristides: E quanto tu vai querer?
Miriã: Cem cruzados pelo serviço completo. Completíssimo!
[Aristides se espanta com o valor]
Aristides: Só isso? [Ele olha para o céu] Ó Jesus, tudo que eu mais pedi a Deus! [Ele dá altas gargalhadas] Espere só um minuto Miriã, vou pegar o dinheiro, entra pra cá e vá se aprumando.
[Ele entra na casa e Miriã conversa sozinho]
Miriã: Fácil... Fácil... Fisgar otários é comigo mesma!
[Ela entra] [Aristides, tenso, procura insensatamente por algo na casa, até que vai ao quarto dos garotos e acha um cofre dentro de uma caixa de papelão]
Aristides: Achei você precioso! [Ele ri]
[Ele coloca o cofre em cima da mesa]
Aristides: Está aqui Miriã... Cem cruzeiros, certinho.
Miriã: Como posso confiar que aí tem cem cruzeiros mesmo.
[Ele quebra o cofre em cima da mesa e cai diversas moedas, muitas moedas]
Aristides: Satisfeita?
Miriã: Hum...
Aristides: O que foi? O dinheiro tá aí, agora cumpra o trato.
Miriã: Cadê seus filhos? Eles não vão nos incomodar não né?
Aristides: Óbvio que não. Os pequenos estão deitados no quarto, dormindo.
Miriã: Tem certeza? Vá lá e confira novamente, daí a gente começa nossas brincadeiras.
Aristides: Ai meu Deus! Tudo bem, eu vou, eu vou...

Motel - Quarto – Manhã.
[Antunes e Zumira entram no quarto]
Zumira: Vai ser rápido ne?
[Antunes dá uma leve risadinha]
Antunes: Vai depender... Não sei da potência que os garotos vão ter.
[Zumira se assusta]
Zumira: Garotos? Mas que garotos?
Antunes: Não te contei não? [Antunes assovia chamando os garotos] Podem entrar meninos.
[Quatro garotos, de dezesseis a dezoito anos saem do banheiro de sunga]
Zumira: Peraê! Que brincadeira de mau gosto é essa? O que essas crianças estão fazendo aqui?
Antunes: Crianças? Por favor, eles já são grandes o suficiente para terem sua vida sexual ativa. São meus discípulos, alunos... Após anos treinando eles, tá na hora de dar um pouco de prazer, então resolvi contratar uma prostituta.
[Zumira fica tensa]
Zumira: Mas eu não sou prostituta nenhuma! E você não disse nada de ter que aguentar quatro adolescentes.
Antunes: Se você é prostituta ou não, isso não me importa. E não são quatro garotos, são cinco, eu também vou participar. E além do mais, trato é trato. [Ele tranca a porta e coloca a chave no bolso] Portanto, você fica. Pode ir tirando as sungas rapazes, hoje o bicho vai pegar.



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